21/05/2017

Capítulo 71

Luan


Chegamos no consultório e Pietra foi recebida por um homem de meia idade, cabelos grisalhos e alto. Ele apertou a minha mão e sorriu.
—Otávio, esse é o Luan, meu amigo. Luan esse é o meu psicólogo.
—Prazer em te conhecer Luan. Pietra fala muito bem de você.
—Obrigado. Que bom que ela fala bem, isso é um bom sinal. - Sorri tenso. Ele balançou a cabeça sem saber o que dizer.
—Quem vai primeiro?
—Melhor você né? - Pietra disse olhando para mim.
—É… - Sorri de lado. O homem me deu passagem e eu entrei, a sala não era como eu imaginava. Era uma sala de jogos, tinha todo tipo de jogo, de criança ao adulto, uma sala grande e gelada por conta do ar condicionado.
—Quer beber alguma coisa?
—Não posso, estou tomando remédio para dor.
Mostrei a minha perna, eu estava de bermuda para facilitar o meu machucado.
—Entendi… Quer jogar alguma coisa?
—Pode ser. Totó? - Sorri de lado.
—Bora.
Ele assumiu um cara bem descontraído.
—Como a Pietra está quando ela fala de mim?
—Isso é confidencial. Mas e você como está sem ela? - Ele colocou uma bolinha no campo dando início ao jogo.
—Estou um pouco desgastado com a distância que fui obrigado a cumprir.
—O que levou a acontecer isso? - Fiz o primeiro gol.
—A minha falta de interesse quando eu deveria ter a preocupação de ficar com ela.
—Vamos do começo? Você está andando de ré numa pista que tem que andar para frente. - Respirei fundo me escorando no painel do jogo.
—Sempre gostei da Pietra sabe? Eu não gostava dela como homem e mulher, sempre pensei que ela fosse a amiga da minha irmã. Mas ela amadureceu, a minha vontade era amadurecer junto com ela. Mas era tarde demais, bem tarde para ser mais exato. Dois anos. Comecei a planejar as coisas, era legal saber que ela sentia atração por mim, mais tarde eu descobri que não se tratava só de atração, ela sentia algo bem maior e eu aprendi a sentir também. O que tínhamos era algo sem cobrança mas ao mesmo tempo um cobrava o outro uma fidelidade, ela sempre foi certa de tudo. Eu tinha que dá um fim no namoro que eu tinha com a irmã ela. E eu acabei empurrando tudo com a barriga. Não me pergunte por que pois eu não sei. Pietra se cansou de mim, eu vi que hoje ela só me ver como um amigo, eu magoei o coração dela e não tenho como reverter isso.

O jogo parou. Ele me escutava e me olhava.
—Como você se sente sobre isso?
—Péssimo. Quando eu fui falar com ela quando ela estava no hospital, ela chorou como eu nunca tinha visto ela chorar. Naquele dia eu tive que sair dali a força, eu não queria sair de perto dela. Naquele momento eu vi que eu não conhecia mais a minha garota. Ela foi minha mas se afastou e se fechou, não quis que eu conhecesse mais.
—Quando você a viu depois que ela fez o aborto?
—Na sexta agora, ela é madrinha do meu afilhado, ela apareceu de surpresa, eu não esperava por isso.
—E o que sentiu quando a viu?
—Me senti ridículo por querer ficar com ela. Eu queria ir atrás dela mas ao mesmo tempo eu me ouvia dizer que ela não me queria.
—E o que você fez?
—Eu ia me afastar. Mas ela apareceu lá em casa de surpresa. Minha casa estava como a  minha vida: Revirada de cabeça para baixo.
—Ela quis ficar com você?
—Ela veio com um papo de amizade. Eu bem que tentei beijar ela várias vezes mas não consegui nada. - O silêncio predominou, acho que ele entendia que eu tinha mais para dizer.
—Ontem ela me disse que tinha pesadelos.
—Com o que?
—Comigo levando o bebê dela, junto com a irmã dela.
—E o que você fez?
—Eu não tive reação, ela me disse que não contou nem para você. Eu me senti pela primeira vez lisonjeado. Mas tudo se acabou de vez. Ela estava contando isso para um amigo, um amigo que não tentasse beijar ela, que não sentisse ciúmes dela, que não forçasse um relacionamento com ela. E agora eu decidi parar com isso. Decidi dá esse tempo que ela quer e ser um grande amigo para ela.
—Você acha que fazendo isso vai te fazer melhor?
—Para mim? Claro que não. Pietra é uma mulher linda, atrai homens que querem relacionamento sério. E eu como amigo não posso fazer nada.
—Já que ela pode encontrar um cara você também pode encontrar com alguém melhor. Certo? - Eu dei um riso frouxo negando.
—Nesses dois anos eu me deitei com várias mulheres e nenhuma foi o suficiente para mim. Todas sem graças, nenhuma é a que eu procuro, nenhuma tem o jeito que a Pietra tem.
—Foram dois anos, você não acha que ela mudou?
—Pudou para melhor.
—Você acha?
—Eu tenho certeza. Eu só não redescobri esse lado bom dela porque ela é dura na queda e eu não vou tentar mais.
—Está jogando a toalha?
—De jeito nenhum. Mas se ela me quiser de volta eu tô aqui, inteiro pra ela.
—Você acha que se vocês derem uma chance pro relacionamento de vocês. Vai dar certo como antes?
—Não quero que dê certo como antes. Quero que dê certo porque demos uma nova chance, eu errei e quero consertar meu erro.
—Vocês já conversaram sobre o aborto? - Ele falou cuidadoso.
—Ela não quer, eu tentei.
—O que ela diz?
—Diz que demorou para falar com você sobre e que não se sente preparada para falar comigo.
—Então o melhor é esperar e não pressionar com o assunto.
—É.
—Luan, foi um prazer te ouvir. Suas conversas comigo serão confidenciais, ninguém tem autorização para saber do assunto que conversamos, fica seu ao critério falar ou não falar.
—Obrigado Otávio, eu pela primeira vez falei com alguém sem ter medo de ser julgado.
—Pode continuar vindo, é um prazer! - Fizemos um aperto de mão e nos despedimos. Pietra entrou sorrindo de lado. Eu fiquei cerca de 45 minutos esperando por ela.
Pietra saiu da sala com os olhos caídos, um sorriso enorme, ela me olhou e sorriu mais ainda, acenei para o Otávio, acertei as contas com a recepcionista, não deixei Pietra pagar e eu mesmo paguei.
—E gostou de conversar com o Otávio?
Ela perguntou depois de um longo silêncio dentro do carro.
—É. Eu não esperava que fosse uma sala de jogos. - Sorri de lado.
—Nem eu pensei. - Ela me olhou rapidamente mas voltou a atenção ao trânsito intenso.  —Vamos almoçar em algum lugar?
—Você que manda. - Sorri.
Ela se animou, gostei do seu jeito alegre. Ela estacionou um restaurante, almoçamos bem, passamos numa sorveteria e levamos quase um litro de sorvete. Fomos pra casa dela, ela deu a ideia de vermos um filme.
Já no quarto dela, ela ligou o ar bem gelado por conta do calor intenso lá fora, de baixo do edredom assistimos o filme e tomamos sorvete, terminamos com o pote do sorvete e prestamos atenção no filme, era tão estranho ter ela deitada no meu braço, prestando atenção no filme e eu prestando atenção em como ela estava colada no meu corpo. Ela relaxou o corpo e eu senti quando ela pegou no sono. Desliguei a TV e me aninhei atrás dela e dormi. 

(3/3)
Desculpa pela demora de postar a maratona.

3 comentários:

  1. Ain mds! Já quero esses dois juntos!
    Porque é tão difícil ?! ��
    Continuaaaaaaaa raay

    ResponderExcluir
  2. Socorrooooo,aos pouquinhos o casal volta

    ResponderExcluir
  3. Aí Jesus amado. Tá boa demais! Mulher não para isso por favor.
    Faz 263936829 maratonas! Por favor!
    Pie, para de ser assim tão fofa. Luan, para de ser tão lindo.

    ResponderExcluir

Está gostando da história?