17/05/2017

Capitulo 68

Luan


Estava mais difícil ficar próxima a ele sendo amiga dele. As piadas eram sem graças mas as indiretas eram melhores, dava vontade de agarrar ele ali mesmo e acabar com a distância que nos impedia de ser feliz.
—Não acredito que você sujou a minha cara, Luan! - Levantei andando direto para o banheiro, ele veio atrás de mim rindo.
—Foi sem querer amor. - Ele parou perto de mim e eu o encarei. —Foi mal.
—Relaxa. Agora sai que eu vou me limpar.
Ele voltou a rir enquanto saia do banheiro.
—Trás uma blusa sua também, a minha sujou.
—Ah moreninha! - Ele falou em tom de reclamação.
Eu fiquei encarando o espelho sorrindo que nem boba. Eu não posso ficar perto dele.
—Aqui a camisa.
Abri a porta e tentei pegar a camisa da mão dele, ele não soltou e segurou a minha mão me puxando para ele.
—Luan! - O adverti.
—A gente não pode ser amigo colorido?
—Não. Vai para sala a gente tem que conversar deixa eu trocar de blusa.
Ele concordou e saiu, troquei de blusa e limpei meu rosto. Sai do banheiro e fui para a sala.
—O que você quer conversar?
Me sentei no sofá ao lado dele.
—Sabe que eu tô tendo um acompanhamento com o meu psicólogo né?
—Sei.
—Eu queria te levar lá.
—Me levar? Por quê?
—Eu não sei. - Abaixei a cabeça. —Eu acho que a gente ia se entender melhor.
—Se você acha que o melhor para mim é eu ir com você tudo bem. Eu vou. Só me dizer onde é que eu vou.
—Eu vou marcar com ele dois horários, você vai gostar muito. - Segurei a mão dele.
—Você acha que eu preciso conversar com alguém sobre nós?
—Eu acho que sim. Uma conversa sem julgamento é muito bom.
—To vendo. A felicidade no seu rosto é invejável. - Ele tocou minha bochecha com o dedo.
—Você também vai ter um motivo para sorrir.
—Espero que seja você o meu motivo.
—Para com isso. Você sabe que me deixa com vergonha. - Tirei a mão dele de mim e ele riu abaixando a cabeça.
—É legal ver você com vergonha. Sinto falta disso.
—Eu também
Ele deitou a cabeça no meu peito e eu coloquei a minha cabeça sobre a cabeça dele ambos em silêncio. Essa calmaria me assustava.
—Você pode dormir aqui né?
—Não posso.
—Porque?
—Eu tenho cachorro na minha casa.
—Cachorro? Eu não sabia que gostava de animais. - Ele sorriu.
—É eu gosto. Aprendi a gostar, também não gostava de dirigir mas tô dirigindo agora.
—Ah coitada. - Ele cheirou meus cabelos.
—Antes de dormir eu tenho que alimentar a lili.
—É cadela?
—Um casal, a cadela tá prenha. - Rimos.
—E você deixa ela sozinha?
—Ainda tem um mês e meio, falta mais um e mês e meio para ela ter as crias dela.
—Entendi. Me dá um?
—Você quer? Aqui não tem lugar.
—Eu arranjo na lavanderia.
—Então tá. - Sorri de lado.
—Tem mais alguma coisa que eu não sei da sua vida?
—Hm acho que não.
—Namorando?
—Nem pensar. Quero distância disso.
—Eu também. Por isso que a gente deveria ficar sem compromisso.
—Para com isso garoto. Não cansa não?
—Não, só depois que eu ganhar um beijo seu.
—Só um beijo?
—É de começo sim. Depois eu improviso.
—Sem vergonha. - Dei um tapa nele e rimos.
—Que foi? Estou sendo verdadeiro
—To vendo. Tô de olho Rafael.
—E aí vai me dá o beijo?
—Não. Você já tá pensando em dar uma improvisada. - Ele gargalhou.
—Eu juro que não dou nenhuma improvisada.
—Eu não, você não vai resistir a minha beleza.
—Iludida. Nem quero te beijar tanto assim. Mentira quero sim. Se eu te beijar eu te deixo sem sentar! - Ele bateu na minha coxa e eu assustei não pelo tapa mas pelo que ele falou. Ele acabou rindo.
—Babaca. Eu tenho que ir, você sabe eu detesto dirigir de madrugada.
—Eu sei. Por isso que eu sugeri de você dormir aqui.
—Mas você sabe que eu não posso. - Levantei.
—É eu tô sabendo. Amanhã a gente se vê?
—Não sei.
—Por que não sabe?
—Não quero que se torne rotina a gente se ver.
—Mas eu quero que seja. Passei dois anos longe de você pra eu te ver uma vez por semana.
—Luan, não vamos colocar os pés pelas mãos, se der a gente se fala, senão, quando marcamos alguma coisa a gente se vê.
—Me passa seu número novo, você sumiu do antigo.
Eu concordei e ele rapidamente pegou o celular e entrou nos contatos, salvando o meu nome como “minha vidinha”.
—Vou te ligar para saber se chegou bem.
—Ta.
Nos despedimos na porta do AP dele, peguei meu carro e fui para a minha casa.
Ao entrar em casa fui bem recebida por Lili e Lupi. As minhas companhias da madrugada, enchi o pote de ração e completando a vasilha de água para os dois. Na hora de tirar a camisa eu reparei que deixei a minha na casa de Luan e trouxe a dele. Sorri de lado. Tirei uma foto com a camisa cheirosa dele e postei no instagram com a legenda “É minha agora, tens um cheirinho de saudade.”
Tirei a camisa e o resto do que eu vestia, entrei no chuveiro e tomei um banho rápido e fresco, estava calor. Vesti um pijama, liguei a TV colocando na Netflix selecionando a minha série. Minhas companhias se acomodaram na minha cama em volta do meu corpo, peguei o celular e já tinha duas mensagens do Luan.
“Chegou?”
“Quando chegar me avisa”
“Já estou deitada na minha cama com os amores da minha vida”
“Eu não tô aí não muié”
Tirei a foto dos meus cachorros e ele visualizou.
Que lindos, quero um quando nascer”
“Pode deixar😉”
“Amanhã a gnt faz o que?”
“Eu faxina na casa, você eu não sei kkkk”
“Vem p cá tô morrendo de sdd”
“Nem vai dá. Segunda a gnt se vê, vou marcar a consulta”
“Tá certo.”
“Eu vou dormir tá?”
“Tá bom minha linda, bjs boa noite”
“😘😘”
Bloqueei o celular e tornei a prestar atenção na série, passou um, dois, três episódios e eu não havia dormido, estava muito bom. Já passava das 4 quando eu encerrei a maratona e fui dormir.
Acordei com o telefone tocando, nem abri os olhos e atendi a ligação.
—Oi?
—Dormindo ainda Moreninha? - Era a voz dele.
—Você me acordou!
—Desculpa. É que tá um dia lindo eu achei que a gente poderia se ver, rolar uma piscina aqui no prédio.
—Estou morrendo de sono e preguiça.
—Anda Moreninha. Levanta essa bunda gostosa da cama, você tá muito branquela sabia?
—Ah me erra garoto. E deixa a minha bunda colada na cama.
Ele riu.
—Vamos vai?
—Vem você. Minha casa também tem piscina. Assim dá tempo de tirar um cochilo.
—Eu não posso dirigir Moreninha.
—Mas sabe chamar um táxi ou um uber.
—Me passa o endereço então sua preguiçosa!
Eu ri e passei o endereço certinho.
E eu achei que conseguiria dormir de novo. Rolei várias vezes na cama até ele chegar. Nem tirei o pijama, o atendi na porta. Meus cachorros fizeram festa para ele como se já conhecesse ele.
—Eles são enormes!
—Lupi para de pular em cima dele, vai derrubar ele. - Segurei o cachorro pela coleira.
—Lupi? - ele riu.
—É Érica que escolheu.
—Agora entendi. - Sorriu de lado.
—O que?
—Lupi. Junção dos nossos nomes. Luan e Pietra.
—Aaah filha da mãe. Eu vou matar ela. Eu não tinha percebido isso! - Disse nervosa.
—Relaxa. Ela sempre faz essas coisas.
—Ela é uma graça. Fica a vontade. Eu vou tomar banho.
—beleza.
Eu subi me despi e tomei um banho rápido. Quando terminei eu coloquei um biquíni e vesti um short. Calcei os chinelos e peguei protetor solar. Desci e ele estava onde eu o deixei agora com a TV ligada.
—Bora pra piscina?
—Só se for agora!
Ele levantou e então fomos para a parte externa da casa. Minha casa não era enorme mas em compensação a piscina era enorme. com um quintal maior ainda.
—Piscina grande né.
—Nenhum pouco. - Rimos. Ele tirou a camisa e a bermuda ficando de sunga. Fiu fiu. Ele odiava ficar de sunga. —Que bundão hein.
—Vai começar. Deixa a minha bunda que eu deixo a sua. - Ele piscou rindo.
—Pode olhar eu deixo. - Tirei o short.
—E comer? Posso?
—Nem tocar você pode. - Pisquei para ele.
—Mas a camisinha que vai encostar. - Eu lhe lancei o dedo do meio.
—Ridículo.
—Verdadeiro.
—Iludido.
—Conquistador.
—Barato! - Rimos.
—Vai mergulhar?
—Vou. Você não vai né?
—É ainda tô com isso na perna.
—Vai tirar quando?
—Daqui duas semanas mas ainda tenho consultas para ver se não inflama essas coisas chatas.
—Entendo.
—Quer ajuda com o protetor?
Ele apontou para o produto que estava nas minhas mãos.
—Quero.
Me deitei de costas na espreguiçadeira, ele tirou o laço do meu biquíni e espalhou o creme nas minhas costas toda, até a minha bunda ele insistiu passar.
—Que tatuagem é essa? - Ele tocou na minha costela e eu sorri de lado.
—Um cupcake.
—Que foda, cara. Ficou massa. É recente?
—Dois anos.
—Que massa.
Depois que ele ficou admirando a minha tatuagem eu eu levantei e amarrei o biquíni.
Passei protetor nos meus braços, barriga, rosto, ombro. Passei no Luan também, ele tão branquinho não pode ficar nesse sol sem proteção.
Depois de passar até no rosto dele eu dei um mergulho, a água estava maravilhosa. Logo sai para dar atenção ao Luan.
—Vai se molhar no chuveiro não? - Perguntei.
—Vou.
Ele foi até o chuveiro e se molhou, a visão estava incrível, ele só de sunga.
—Ei Pietra? - Despertei voltando a prestar atenção.
—Fala?
—Eu perguntei o que tinha para beber.
—Ah deixa eu ver.
—Estava pensando em que?
—Em nada.
Menti. Entrei dentro de casa e fui procurar algo para beber. Tinha cerveja, suco, refrigerante e dentre outras coisas. Peguei refri e um pedaço de bolo do aniversário dos gêmeos, o bolo foi tão bom que eu trouxe pra casa.
—Aqui, tem bolo e refri. Quer?
—Opa quero.
Servi ele e então comemos.
—Como comprou essa casa?
—Meu pai ajudou a escolher e a negociar, na verdade ele fez tudo. Deu entrada e ainda comprou a casa, deixou na responsabilidade de ser uma dona de casa e escolher o lugar.
—Tem a sua cara mesmo. Piscinão, casa simples, foi o que eu imaginei.
—Meu pai disse a mesma coisa. Não me vejo em casarão eu gosto de cuidar de tudo e uma casa grande me daria mais tempo cuidando dela.
—Uma verdadeira dona de casa.
—É mais pra quando eu tô aqui em São Paulo. Nem fico por muito tempo aqui.
—Volta quando a viajar?
—Não faço ideia. Para ser mais exata eu fali e tô procurando emprego, senão vou vender a casa.
—Que isso cara? Em dois anos e já acabou o dinheiro todo?
—Pra cê ver. Eu comprei o carro e não é fácil cuidar de um.
—Olha se você quiser um emprego você ainda tem.
—Não rola, Luan. Você que me salvou quando se trata de trabalho, mas eu preciso correr atrás. Já mandei currículos, estou confiante.
—Sempre teimosa. - Ele revirou os olhos. —Você me promete não vender a sua casa?
—Porque?
—Porque é um presente do seu pai. Presentes não podem ser vendidos e nem passado para outra pessoa.
—Mas se eu precisar de dinheiro não vou poder manter a casa.
—Você só vai precisar de dinheiro se não achar um emprego, e se você não achar um você pode ir lá no escritório e avisar que cê é minha de novo.
—Nunca fui sua.
—Foi sim minha assessora.
Ele segurou a risada mas foi em vão.
—Idiota!
—Boba. Vem cá, você tirou aqueles piercings? - ele apontou pro próprio mamilo.
—Ah não. Eles estão aqui.
—Ah. - Ele abaixou a cabeça e mordeu o lábio.
—Quer ver?
—Quero! - Ele ergueu os olhos ansioso.
—Vai ficar querendo. - Ri.
—Fica mesmo me deixando na vontade. - Ele se virou com a cara para poucos amigos.
—Oh que bonitinho esse bico dele gente! Dá vontade de apertar.
Levantei indo na direção dele.
—Ficou bolado foi? - Ri.
—Fiquei! - Ele continuava com a carranca dele, apertei a bochecha dele e o mesmo me puxou pro colo dele, gritei na mesma hora que eu sentei em seu colo.
—Idiota. Me solta.
—Não. Só se me der um beijo.
—Nem vem. Você mentiu para mim.
—Em que?
—Que estava com raiva.
—Ah minha lindinha. Não fica com raiva de eu. - Ele afundou o rosto no meu pescoço e distribuiu beijos por ali, tentei esquivar-me mas era impossível.
—Só um beijo, Pietra.
—Só um, pode ser?
—Pode! - Ele falou ansioso mais uma vez.

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