11/05/2017

Capitulo 67

Pietra

O abraço paterno é onde eu me aconchego mais, onde eu me aninho toda e ouço os batimentos enquanto conversamos.
—E torrou o resto dinheiro com o carro?
Ele perguntou rindo.
—Não gosto de carros mas quando eu compro dá nisso.
Rimos.
—E vai trabalhar quando?
—Já mandei alguns currículos, estou esperando me chamarem. No escritório do Lucas não quer assessoria não?
—A assessora dele acabou de assinar um contrato de mais 1 ano.
—Assim fica difícil.
—Luan não deixou ninguém pegar na a sua vaga e sempre me chamava para ser seu substituto.
—Ontem eu encontrei com ele. Parece que ele me esperou. Quando eu fui embora eu achei que não voltaria aqui. Mas cá estou eu.
—Depois que vocês perderam o bebê, ele ficou dois meses afastado dos palcos e entrevistas, não saiu do quarto por nada. A mãe dele por um milagre conseguiu tirar ele de lá.
—Eu também não fiquei atrás com os meus primeiros meses sozinha, pai. Luan tinha a família. E eu? Eu aguentei a dor toda sozinha. Consegui um ótimo psicólogo que me tirou do fundo do poço.
—Que bom que você agora está um pouco mais conformada. Mas agora precisa de um emprego.
—Não quero trabalhar com o Luan. Ele ainda está muito sentido com tudo. Ele precisa de um acompanhamento médico e psicólogo.
—Ele brigou com o Amarildo quando ele disse que ele tinha que ir para um psicólogo.
—Então não sei. Eu não posso me envolver emocionalmente com ele, não vou conversar do que passou com ele. Já basta que ficamos sozinhos dentro de um carro falando sobre o que aconteceu, foi difícil para mim.
—Eu sei moreninha. Tá sendo difícil para ele também. Vocês deveriam conversar, ou até mesmo levar ele onde é seu psicólogo e marcarem juntos uma consulta. Vocês podem ter terminado mas sempre vai existir um elo que você não vai conseguir esconder de ninguém
—Eu não sei pai. É difícil para mim.
—Você gosta dele?
—Eu amo ele, pai. Eu me sinto mal por ver ele mais magro, mas descuidado, ele parece um velho resmungão.
—Então faz a diferença. mostra que você mudou, cuida dele, se preocupe com ele, faça uma visita a ele de surpresa, você vai ver que ele vai tirar essa carranca de mal humorado.
—Não sei… - Fiquei pensativa.
Eu não queria que o Luan pensasse que eu estava dando-lhe uma chance mas eu como uma pessoa boa estava com o coração amolecido, precisava cuidar dele como meu pai disse. Mas como amiga.


Luan

Já era a sétima vez que eu entrava na minha cozinha e procurava alguma coisa para comer, só havia ingredientes para fazer cupcakes e o último que eu fiz queimou, lembro bem que para suprir minha saudade da Pietra fiz uns bolinhos mas queimaram sem contar que a cobertura ficou ruim. Nos armários só tinha poeira, eu precisava ligar para a dona Amélia, minha empregada mas que eu considero como uma mãezona desde quando eu morava na casa dos meus pais.
O interfone tocou e eu atendi com má vontade.
—Fala seu Pedro.
—Boa tarde seu Luan. O senhor pediu que interfonasse todos que viesse visitar o senhor. Tem uma moça aqui, o nome dela é Pietra Castro. Pode mandar subir?
—Pietra? Pode sim.
—Ok.
Eu fiquei parado por longos minutos pensando o que ela queria aqui, logo lembrei que estava de cueca e fedendo. Caraca eu precisava de um banho. Andei o mais rápido que eu pude até o meu quarto peguei um roupão e me vesti. A campainha tocou e eu voltei pulando que nem saci, esqueci as muletas na cama. Cheguei na porta ofegante, abri a mesma e encarei Ela.
Oi.
—Oi.
—Posso entrar?
—Ah claro, entra. Desculpa não ter te convidado para entrar. E não repara a bagunça.
—Bagunça? - Ela parou no meio da sala olhando tudo. —Pouco né? - Ela sorriu, puta que pariu.
—A minha empregada não tem vindo e eu com essa perna não consigo fazer nada.
—Entendi. O que você tá fazendo?
—Eu? Nada. Senta aí, arruma um lugarzinho no meio desse sofá, não é muito difícil. - Tentei fazer uma piadinha com a bagunça do meu apartamento. —O que você veio fazer aqui?
—Conversar. - Ela abaixou o olhar e mordeu o lábio mas tornou a me olhar. —Você sozinho aqui eu achei que fosse gostar de uma companhia.
—É sempre bom uma boa companhia. Obrigado por se preocupar comigo. Mas e a conversa de ontem? O que te fez mudar de ideia?
—Uma conversa intensa com uma pessoa que sabe muito sobre nós.
—Quem? Seu psicólogo?
—Meu pai.
—Ele que me mandou ir atrás da minha felicidade, e ela fugiu de mim.
—Acho que a sua felicidade não pode voltar assim do nada mas pode ser sua amiga e deixar as indiferenças de lado.
—Indiferença ou a atração física e a louca paixão que sentimos?
—Isso também.
—É um pouco difícil mas vou ter que aceitar.
—Que bom, porque eu ia insistir nessa nossa amizade.
—É bom saber que tem alguém que quer insistir em mim porque tá difícil o trem.
—É fácil se sua amiga.
—Difícil eu me comportar como amigo. - Murmurei, ela fingiu não ouvir.
—Ia tomar banho? - Ela perguntou olhando para o meu roupão
—Ah ia. Espera um pouco?
—Espero.
Fui para o banheiro, tomei um banho demorado, nunca na minha vida demorei tanto para tomar banho, tirei a barba e o bigode, cortei o cabelo, ficou horroroso mas cortei, depois eu ligaria para a Silvana e ela daria um jeito nisso que eu chamo de cabelo.
Sai de toalha, ainda pulando que nem saci, terminei de me secar e me vesti, a minha perna estava doendo por fazer esforço de mais.
Quando entrei na sala as roupas que antes estavam espalhadas agora já não tinha mais nenhuma, a máquina de lavar estava ligada.
—Pietra, não precisava fazer isso!
—O que? Ah dei uma arrumadinha, sua empregada vai me agradecer. - Ela sorriu. —Não sei o que você vai fazer com isso mas espero que vá pro lixo. - Ela tirou uma sacola preta do chão e me entregou.
—O que é isso? - Perguntei apalpando.
—Abre.
Então eu desfiz o nó e me arrependi de todas as noites que eu trouxe uma mulher aqui dentro.
—Eu...é...Eu...eu não...eu vou jogar no lixo.
—Relaxa, se você quiser entregar a dona…
—Não faço ideia de quem seja. E não quero ver de novo.
—Hm.
Ela se sentou no sofá.
—Foi isso que eu percebi?
Me sentei no outro sofá.
—O que?
—Ciúmes?
—Ciúmes de quem?
—De mim.
—Quem?
—Você!
—Eu? Nada.
Ela se remexeu se me olhar, segurei o riso.
—Tá bom.
—Você queimou os cupcakes?
—Ah foi… Eu tentei fazer mas deu errado.
—Quer que eu faça?
—Quero!
Falei rápido.
—Ok.
Ela se levantou e foi para a cozinha, e me surpreendi pela cozinha está também arrumada.
—Você arrumou aqui também?!
—Arrumei, por sorte eu não achei nenhuma lingerie aqui.
—Nem se procurasse ia achar, esse é um lugar muito sagrado ainda mais para sexo.
—Como assim?
—Uma das nossas maravilhosas transas foi aqui.
Ela ficou vermelha, deu vontade de apertar ela, que saudade de deixar ela com vergonha.
—Vai fazer os bolinhos?
—Vou. É melhor você ficar na sala. Descansando. - Ela pediu e eu assenti.
Coloquei a minha série favorita e fiquei assistindo até ela aparecer e dizer que estava pronto.

7 comentários:

  1. Que fofo.... Apaixonei nesse capítulo

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  2. Estou apaixonada quero mais..
    Esses dois acho tão lindos ..
    Beijos Maria Clara

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  3. Que lindos, acho que essa amizade aí pode reaproximar eles sz

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  4. Hmm! Sei não viu?! Pie é muito otaria, affs! Já pode voltar pro Luan. Deixa de besteira mlr.

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  5. Por gentileza, não a deixe voltar com ele agora. Mas faça ela o fazer bem. Faça ela fazer com que ele se cuide, vá ao psicólogo, que ele amadureça e aprenda. Que vá gradativamente melhorando. Aí depois eles se aproximam e voltam. Mas de uma hora pra outra não.
    Que ao final desse dia aí (do capítulo acima) ela o ponha pra dormir e vá embora. Sei que isso talvez mexa (ou acabe com ela) mas esse é o jeito dela. Um bom jeito.

    No mais, nos tire dessa tortura. Continue. Poste uma 10 aí.

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