03/05/2017

Capítulo 62

Luan



Primeira semana do ano e eu estava de folga. Me joguei no sofá e recebi um olhar de repreensão da minha mãe, que eu ignorei.

—Assim vai quebrar o sofá.

—Tá me chamando de gordo dona Marizete?

—Se a carapuça serviu…- Ela deu de ombro mas acabamos rindo. —Tá acontecendo alguma coisa boa na sua vida, meu querido? Tô te vendo menos estressado.

—Ah é novo para mim ainda e eu tenho medo de eu estar me iludindo atoa mas quando eu tiver certeza a senhora vai ser a primeira a saber e tenho certeza que vai adorar.

—Estou cheia de tanta surpresas, ainda mais que a última não foi uma boa.

—Meu pai acha que eu vou me casar com a Victória. Ele está muito enganado. Sou apaixonado por outra e só não apresentei ela ainda por medo de perder ela novamente.

—Está saindo com alguém e você não me contou?

—Não é bem assim Dona Marizete. Eu pedi um tempo e ela não aceitou muito bem essa de tempo, estávamos bem e eu ia terminar com a Victória só que tudo mudou. Victória disse que estava grávida e eu fiz as coisas de cabeça quente, depois essa menina descobriu que eu engravidei a Victória e eu sai como o cara que enganou a menina que me amava.

—Menina é?

—É um modo de dizer. Ela tem jeito de menina mas carrega com ela uma mulher incrível, tenho certeza que a senhora vai gostar dela.

—Eu a conheço? - Perguntou esperançosa e eu fiz um suspense pensando na hipótese dela descobrir com essa dica.

—Conhece mas ela é bem reservada na dela. Ela é tão especial que todos os sentimentos que nós tivemos, embora eu tenha a magoado, ela não saiu espalhando coisas entre nós.

—Isso é bom meu filho. Mostra o quanto ela é madura.

—Você deveria chamar ela hoje para almoçar com ela aqui.

A olhei receoso.

—Ainda não. Melhor esperarmos um tempo. Vai ser bom para nós dois.

—Você que sabe. Mas cuidando para não esperar por muito tempo e perder a sua amada.Vou terminar de fazer o almoço.

Ela levantou, beijou minha testa e foi para a cozinha. Fiquei jogado na frente da TV o resto da manhã toda.

—Que horas sai esse almoço?

—Já tá pronto. Sua irmã avisou que viria almoçar em casa, junto com a Pietra. Mas até agora nada. - Me olhou preocupada.

—Já ligou para ela? Talvez devem ter ido ao shopping. - Dei de ombro.

—Liguei pra Bruna mas ela não tá recebendo as ligações.

—Vou tentar o número da Pietra, quem sabe dou a sorte. - Avisei saindo da cozinha e indo para a parte externa. Chamou duas vezes até cair na caixa postal. Na terceira a Bruna atendeu.

—Luan?

—Bruna. Onde cês tão? A mãe tá preocupada aqui e eu morrendo de fome.

—Fala para a mamãe almoçar sem mim. A Pietra vai ser internada.

—O que? Como assim? Ela não está bem?

—Pi, sem perguntas, avisa seu Paulo para mim? Eu não consigo dar notícias ruins.

—Bruna, pelo amor de Deus. Me explica isso direito. - a Ligação caiu. —Merda.

—O que foi, filho?

—Bruna disse que era pra almoçar sem elas. Pietra teve uma complicação.

—Como assim?

Minha mãe se preocupou.

—Eu não sei. Bruna não soube dizer. Ela pediu que eu ligasse para o Seu Paulo. Mas eu vou lá na casa dele, não se dá notícias assim.

—Vou ligar pro seu pai, ele pode acompanhar junto com vocês.

—Não precisa, eu dou apoio a ele. Chamo o Well para me dá cobertura se for preciso.

—Tá bom meu filho, toma cuidado.

Eu fui até a casa do Seu Paulo. E antes que eu tocasse a campainha Douglas saía da casa da Victória.

—Luan!

A surpresa era nítida no Douglas e em Victória que logo veio atrás dele.

—Podem ficar tranquilos, não vim por vocês. Eu quero falar com o seu pai.

—O que você quer com ele?

—Não é da sua conta. Vai chamar ele para mim ou eu posso chamar?

—Pode entrar, estou atrasada.

—Obrigado.

Entrei dando de cara com ele.

—Luan? Você veio pela Victória? Olha eu descobri uma coisa… - Um barulho estrondoso veio da rua, corremos lá para fora e o carro que antes estava na calçada, agora estava na rua, um caminhão passava e bateu no carro, quem dirigia o carro era nada mais nada menos que Douglas, Victória estava no banco do carona, corremos até o acidente vendo o imenso estrago. Douglas não se feriu drasticamente mas Victória estava inconsciente, a sua cabeça sangrava. O motorista do caminhão saiu ileso, mas estava atordoado com o impacto da batida, eu não conseguia processar aquilo, muito menos Seu Paulo que chorava pelo acidente da filha.

O motorista do caminhão ligou rápido para o corpo de bombeiros.

Douglas saiu do carro, caiu no chão e eu fui acudir lo.

—Tira ela de lá de dentro. Ela pode morrer.

—Vamos ter que esperar pelos Bombeiros. Só ele pode tirar ela de lá.

—Você tá tão calmo como pode?

—Eu estou nervoso, tanto quanto você. Agora para de falar e deita no chão, você pode ter se machucado e não está sentindo pela adrenalina.

Era difícil olhar para dentro do carro, ver Victória inconsciente e não poder fazer nada, nem aos chamados do pai ela respondia.

Ouvimos o barulho das cirene. A essa hora a rua já havia lotado, muitos tiravam fotos. Alguns tentavam afastar as pessoas. A notícia já deve ter se espalhado pela internet, a cara da Victória deve ter se espalhado. Um nó se formou na minha garganta, como Pietra se sentiria com aquilo?

A mãe das gêmeas chegava naquele momento, logo atrás do bombeiro, saiu do carro as pressas e quando viu que quem precisava dos cuidados dos bombeiros era a Victória, ela chegou a abrir a porta do carro para salvar a filha, mas foi retirada de perto pelos bombeiros. Eles fizeram todos os processos da retirada de Victória.

Ela estava viva. Eles a colocaram dentro da ambulância, Douglas também foi levado. Eu estava bem nervoso com isso tudo, meu celular não parava de tocar, uma chamada atrás da outra. Mas eu não atendia ninguém.

Cheguei ao hospital e dei o nome da Victória, a recepcionista me indicou a uma sala de espera reservada. Atendi a ligação da minha mãe para acalmá-la.

—Meu filho onde você está?

A voz dela estava trêmula.

—Estou bem, mãe. Victória é que não está nada bem. Não consegui ir na clínica que a Pietra está, vai por mim lá? A Bruna não sabe lidar com essas coisas. Victória tá muito mal.

—A Bruna já está em casa. Ela quer falar com você.

—Agora não dá. Ela deixou a Pietra sozinha? poxa mãe.

—Ela achou que você tivesse no acidente. Já está em todas os sites e na TV.

—Eu imaginei isso.

—Seu pai quer falar com você.

Antes que eu pudesse protestar ela passou o telefone para ele.

—Luan, vem para casa. O que você tem a ver aí? Você não quis terminar com a menina?

—Pera aí? Tá me dizendo para fugir das responsabilidades? Eu tô aqui pela família e pela Victória sim mas não quer dizer que eu a ame, eu quero o melhor para ela.

—Cê que sabe. Tá rolando um monte de fotos suas na frente da casa dela e junto com o Douglas. Depois não vem reclamar comigo se eu obrigar você a casar.

—Não vou casar!

—Se eu te obrigar vai sim!

Encerrei a ligação furioso. No fim do corredor avistei Seu Paulo, ele parecia abalado.

—Tem notícias?

—Ela… ela. Precisa de um doador. Eu não sou compatível, só a Pietra é mas ela está grávida.

—E o bebê da Victória? Ele está bem?

—Luan. Ela nunca engravidou de nenhum bebê. Eu ia contar isso para você assim que você chegou. Mas tudo aconteceu tão rápido que não deu tempo. Vai atrás da Pietra enquanto dá tempo, vocês se amam, o filho que você quer está com a Pietra, ela sim é uma boa menina. Victória só pensava no próprio umbigo e não olhava a sua volta, eu sou pai de gêmeas totalmente diferentes, eu passei 24 anos da minha vida vendo essas diferenças se tornarem pesadas para as minhas meninas e eu não fiz nada para impedir. Você teve as duas e hoje você pode optar por ficar com uma garota desequilibrada ou a que te faz feliz e carrega um filho seu no ventre. Mesmo me doendo essas palavras falando da Victória eu quero ver a felicidade delas mas a Victória nunca vai ser feliz com você ou pensando nela mesma. Seja feliz mesmo o mundo te dando as costas.

—Eu vou seguir seu conselho, seu Paulo. Vou atrás da minha felicidade. Ela precisa de mim.

A emoção gritava dentro do meu peito.

Ele deu as costas e eu encontrei o Well na portaria, tinha muitos fotógrafos e eu não dei se quer uma palavra. Well dirigiu até a minha casa. Eu estava esgotado psicologicamente.

Encontrei minha mãe na sala.

—Onde a Bruna tá?

—Acabou de subir…

Eu não dei tempo de ouvir mais nada, subi pulando os degraus. Bruna estava sentada na poltrona dela, toda encolhida. Assim que ela me viu levantou-se e me abraçou.

—Me conta o que tá acontecendo com a Pietra.

—Ela me contou uma coisa. Senta aí.

Ela me indicou a cama dela. Ela se sentou do meu lado e eu a olhei atento.

—O que ela te contou? Como que ela tá? E o bebê?

—Por enquanto estão bem. Ela já me contou sobre o caso de vocês! E eu achei muito ruim da sua parte não ter me contado. Por que não me contou?

Abaixei a cabeça.

—Eu não contei porque ainda era cedo, mesmo eu não contando deu tudo errado entre nós. A gente achou que era melhor manter em segredo e só depois oficializar, tudo nos conformes.

—Tá, tá. Eu tenho que aceitar que você nem ela gosta de me contar as coisas. E eu achando que eu era amiga de vocês.

—E você é. Mas achamos que era melhor manter em segredo.

—Vocês contaram para a Érica.

—A Pietra achou que não contando para você eu não descobriria.

—Mas vocês descobriu.

—Eu insisti nela. Você não imagina o quanto eu lutei por ela.

—Se você tivesse me contado antes eu saberia.

—Para Bru, ficar na defensiva não vai mudar o que já aconteceu. O que aconteceu para a Pietra ter ficar internada?

—Eu não sei, os médicos conversaram com ela sozinhos, ela ficou bem abalada com a notícia, eu não sei o que é.

—Médicos?

—Sim.

—Eu preciso ir lá. Me passa o endereço.

—O bebê é seu né?

—É sim.

—Pietra jurou que não é seu. Ela queria o que? Continuar mentindo até a última? Qual é a dela?

—Eu entendo ela, eu fui um moleque quando a Victória disse que estava esperando um filho meu. Deixei Pietra depois de ter prometido que ia amar ela, que ia assumir um relacionamento sério com ela. Ela se magoou muito. E eu perdoo ela.

—To vendo o quanto você está apaixonado por ela.

—Isso é bom o ruim?

—Eu não tô gostando nada disso, vocês partiram meu coração, eu achei que eu era amiga de vocês.

—Mas ainda continua sendo, moreninha. - beijei sua testa.

—Esse apelido é da Pietra, sai.

—Branquela.

Rimos.

—Me passa esse endereço logo. Eu preciso ver ela e saber como tá meu filho.

—Eu vou passar mas ela pediu para não dizer nada a você.

—Pode deixar, não conto que foi você.

Ela me passou o endereço por escrito.

—E o bebê da Victória?

—Não existe!

—Como não?

—Não sei. o Paulo disse que ela não estava grávida coisa nenhuma. Acredita?

É ela acreditava. Eu não consegui dormir aquela noite muito menos Bruna e então juntos ficamos conversando sobre o dia de hoje como foi tudo tão diferente do que eu imaginei que fosse.

O Paulo desmascarou a filha😱😱

6 comentários:

  1. Eu sabia que não tinha filho nenhum. Menino corre atrás da tua felicidade

    ResponderExcluir
  2. Socorrooooo,aquele aperto no coração misturado com satisfação.

    ResponderExcluir
  3. A Victória não presta. Que o Luan se livre de vez dela. Espero que não seja nada grave, com a Pietra e o baby. Que eles se acertem logo.

    ResponderExcluir
  4. Socorrooo posta mais, quero saber da Pietra e o baby. Ainda bem que a Victória foi desmascarada, bem feito.
    Continuaaaa

    ResponderExcluir
  5. Eu sabia que não tinha filho nenhum só espero que eles fiquem bem logo e que ela não tenha perdido o bb

    ResponderExcluir
  6. Bicha pilantra rapaz. Nem grávida estava. Vê se pode. Eu hein.

    ResponderExcluir

Está gostando da história?