09/05/2017

Capitulo 66

Luan

—Eu vou lá falar com ela… - Decidi levantando-me da cadeira.
—Não cara. Senta aí.
—O que? Ela tá lá falando com todo mundo porque eu não posso também?
Dudu suspirou fundo.
—Você precisa segurar seus sentimentos. Ela sabe que você a ama, não precisa se humilhar. Eu não quero que você vire a cara para mim, nem pare de falar comigo mas vai um conselho que você não quer ouvir, vai num psicólogo, é muito bom. Eu soube pela Érica que a Pietra está fazendo o mesmo e tá dando pra ver que ela tá dando a volta por cima.
—Eu não preciso disso. Eu preciso mostrar para ela o que eu sinto. Se eu não mostrar ela nunca vai saber.
—Ela não precisa ver você mendigando amor cara, supera um pouco, ela te deixou? Tudo bem, a vida segue. Ela apareceu? Espera os sinais.
—Que sinais?
—Que vocês estão preparados para conversarem. Você vai por tudo por água abaixo e ela vai fugir de novo. Ela precisa saber que você amadureceu, que você não vai continuar no mesmo erro do passado.
—Mas eu não vou errar.
—Falar é muito fácil, difícil é conseguir não errar. Qualquer deslize seu pode afastar ela.
—Isso é estranho, eu não posso falar com ela por não poder mostrar meus sentimentos por ela.
—Faz o que eu tô te pedindo? Eu tenho um ótimo psicólogo, ele é o melhor.
Ele me entregou um cartãozinho com o nome endereço e telefone do psicólogo. Guardei observando as meninas rirem de algo que Pietra contou.
Deixei Dudu falando sozinho já que meu pensamento estava em outro mundo, um mundo melhor, eu me sentia melhor só de saber que Pietra não tinha deixado de viver como eu tinha deixado de viver a minha vida. Meu coração acelerava com os sorrisos espontâneos dela, era incrível e deliciosamente fantástico. Como ela ainda tinha esse poder em mim?

—Eh boi, bora? - Marquinhos bateu na minha cabeça e eu desviei olhando feio para ele.
—Pra onde? - Perguntei arrumando meu cabelo que ele bagunçou.
—Chopp.
—To afim não. - Voltei o meu olhar para a Pietra.
—Se eu te falar que ela vai tá lá também você vai?
—Ela vai? - Falei um pouco mais alto desviando os meus olhos para encarar Marquinhos para ver se ele não estava mentindo.
—Não sei, mas a Bruna e a Érica vão. Pode ser que ela vai também.
—Melhor você não ir. Ela vai achar que você tá perseguindo ela. - Dudu falou. —Sem contar que você vai beber, encher a cara e passar vergonha, tanto para você quanto para ela.
—Deixa ele ir atrás dela po! Eles precisam se entender. E o Luan tá chatão sem uma muié para ele.
—Eduardo tem razão. Vou esperar.
Respirei fundo voltando olhar para a minha menina, quase não minha.


Pietra

Dois anos longe de todos meus amigos, da minha família e do grande amor da minha vida. Não foi a minha intenção magoar ninguém e nem ferir os sentimentos do Luan, sei que ele pensou que depois de tudo que passamos naquele quarto de hospital, eu iria dar uma chance a ele, eu não tinha psicológico para aguentar a culpa em mim. Eu destruí a minha família, destruí a família que a Victória queria construir, mesmo sendo errado o que ela estava fazendo mas ela fazia porque gostava ou tinha uma estranha obsessão por Luan.
Ainda não entendo por que Deus me tirou o meu bebê de mim, procurei um psicologo, eu precisava das respostas e essa foi uma delas. Depois de um ano me contentando em reconstruir meu interior eu fui atrás da minha felicidade, viajei por vários países, conheci pessoas, conheci lugares e ainda mais fiz meu sonho acontecer: Fiz um mochilão viajando de ônibus. Eu ligava sempre para o meu pai, ele se preocupava mais, mas me dava o devido apoio, minha felicidade.
—Não acredito que você passou por Londres em junho! Eu estava por lá. - Bruna reclamou e eu sorri de lado, eu sabia que ela estava lá, ela não largou o instagram nesta viagem e postou várias fotos.
—Passei rapidinho, ainda tinha que ir para Paris e não fiquei por muito tempo, essas cidades não tem graça sem companhia. - Sorri de lado, tinha certeza que Luan ouvia dessa vez.
—É mesmo, Eduardo me levou na lua de mel, não tinha como ir lá sem uma companhia boa. - Érica suspirou toda apaixonada.
—Eu fui com a Paiva. Minha parceira. Mas não negaria se o Breno me levasse.
—Ó as indiretas. - Marquinhos zoou o Breno.
—Direta né? - Dudu riu.
—Eu levo antes de casar, na lua de mel já tenho planos melhores.
A brincadeira não teve fim para o casal apaixonado.
—Que horas vamos na chopperia? Quero beber cachaça de verdade. - Marquinhos interferiu a zoação.
—Quem vai?
—Erica, Dudu, Bruna, Breno, eu e você vai Pie?
—Não, estou dirigindo.
Mostrei a chave do meu carro novinho.
—Uia até que enfim comprou um carro.
—Deixou o uber de lado, amiga? - Érica perguntou rindo, dei língua pra ela.
—Tive que deixar!
—Que bom hein! Pode ser a nossa motorista.
—Eu nada. Tenho que acordar cedo amanhã.
—Em pleno sábado acordar cedo?
—Vou visitar meu pai. - Sorri de lado.
—Já que você não vai então, pode levar meu irmão para casa?
—Não precisa, eu me viro. - Luan falou sem me olhar. Apenas permaneci calada, não queria que ele achasse que eu estou disposta a me aproximar dele, pelo contrário, estou fugindo de relacionamentos.
—Como se vira boi? Tu tá igual saci. - Marquinhos disse rindo.
—Se você quiser eu dou uma carona.
Falei e ele finalmente me olhou.
—Não precisa, de verdade.
—Eu dou carona a ele. - Dudu bateu no ombro de Luan que confirmou a carona deles.
—Vamos agora então? - Érica perguntou saindo do lugar dela.
—Vambora cambada.
Todos se prepararam para ir a chopperia, eu não fui porque ainda estava me acostumando de volta a minhas amizades. Dentro do meu carro eu respirei aliviada por ter me comportado bem, foi a primeira vez que vi Luan depois que eu perdi meu bebê. Foi difícil mas eu consegui superar isso. Manobrei o carro saindo da garagem, na portaria dentro da cabine vi Luan conversando com o porteiro, trocamos um longo olhar.
—Tá fazendo o que aí? - Tive a audácia de perguntar.
—To esperando passar um táxi, meu telefone descarregou.
—Vem logo, eu te dou carona.
Ele relutou por alguns instantes mas acabou levantando, se despediu do rapaz e entrou no carro.
—É sério, não precisava.
—Precisava sim.
—Hm tudo bem. Aquele apartamento tá?
—Não vendeu ele?
—Tenho lembranças boas…- Ele parou percebendo o que falava. —Desculpa, não tive a intenção de falar disso.
—Não, tudo bem. - Dei de ombro.
—E também não me sinto bem na casa dos meus pais.
—Por que?
Perguntei me arrependendo de ter perguntado.
—Meus pais enchem o saco com o que passou, eles acham que eu deveria ter ido atrás de você.
—Nossa. Você contou de nós?
—Não tive como esconder. Eu acabei contando. Eles perceberam tudo o que estava acontecendo e a Bruna não tem papas na língua, sabe como é né?
—Imagino. - Sorri de lado.
—Como passou esses últimos dois anos?
—Um pouco difícil mas no fim das contas mais sorri do que chorei.
—Que bom porque para mim foi só choro mesmo.
—me desculpa se você acha que isso é por minha culpa. Eu tive que escolher entre me ver livre ou não.
—Você acha que se ficasse ia ser infeliz?
—Não sei dizer. Eu sei que estou melhor com a escolha que eu fiz. Mas isso não não tira o fato que eu gostei de você.
—Mas o ideal é ficarmos separados né?
—Eu acho que sim. Não tem sentido eu ficar com você mais. E você tá em uma outra fase, você precisa de alguém melhor que eu. - Ele deu um riso frouxo.
—Esperei dois anos para ouvir isso. Antes eu não tivesse esperado.
—Você estava esperando por mim? Olha, não me entenda mal, eu não pedi pra você me esperar.
—Eu sei, eu sei. Eu que fui trouxa de ter pensado que te dando espaço você um dia ia voltar para mim.
—Não pensa assim de mim. Você me conhece bem e sabe que eu não fugiria de você se eu não precisasse.
—Eu te magoei muito né? Mas eu senti tudo que você sentiu. Você perdeu um fi…
Eu o interrompi.
—Não fala dele. Não estou preparada para falar dele com você mal eu converso com o psicólogo.
—Tudo bem. Eu fui muito cabeça dura nesses últimos anos, não conversei com ninguém e ainda esperei por você.
—Você precisa de conversar com alguém, ter alguém para te ouvir sem te julgar é muito bom. É amigo sem julgamento. Você vai adorar.
Entrei no estacionamento e Luan liberou a entrada, parei em frente ao elevador.
—Vou pensar no assunto. estou precisando mesmo. Me desculpa por tudo.
Ele abriu a porta do carro e não me deixou sair do carro para ajudar ele. Com a ajuda das muletas ele chegou ao elevador e logo entrou.

5 comentários:

  1. Aiii que triste 💔
    Esses dois tem que voltar...
    Continuaaaaa 😘😘

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  2. Juro que to ficando cada dia mais com raiva da Pie... Pq ela não da uma chance? Ele ta sofrendo tanto jesus. Que raiva

    Maria Clara

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  3. Cara. Eu usando carreguei a página e vi que tinha capítulo quase chorei. Nossa.
    Aí, tão triste isso. Ele ficou mal. É péssimo você se programar pra escutar uma coisa e ouvir outra. Ainda mais assim, e disso. Aí Luan, vai dar certo.

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