Luan
—Pietra!! Meu Deus que saudade de você. -Minha mãe exclamou ao ver minha amiga, é tão estranho falar isso quando eu quero falar que eu quero sempre acordar do lado dela e da um beijo de bom dia e querer ficar abraçado com ela a manhã inteira sem fazer nada.
As duas se abraçaram, minha mãe animada e Pietra acanhada.
—Que bom que você trouxe ela, querido. Venham, entrem. Quando a Bruna disse que você tinha voltado eu quase não acreditei.
—Ah Mari, eu tinha que voltar. Aqui é o meu lugar.
—Já viu seu pai?
—Já. Ele que me ajudou a escolher uma casa.
—Tem uma casa já? Que legal. Luan não sai daquele apartamento por nada, já disse para ele comprar uma casa já que quer privacidade.
—Casa é ótimo para quem quer privacidade.
—Só saio de lá depois que casar. - Eu disse jogando indireta para Pietra que fez careta quando minha mãe virou fazendo gosto do que eu disse.
—E você Pietra, quando casa? Já casou?
—Não penso mais em casar, meus relacionamentos foram por água abaixo. Mas se aparecer um pretendente estou disponível.
—Aqui meu filho. É solteiro, doido para sair daquele apartamento, querendo casar.
Pietra riu de nervosismo. Era a hora de salvar a minha donzela.
—Mãe, a Pietra quer ver as amigas, depois cês conversam mais.
Levantei a Pietra e em cinco passos estávamos saindo da sala seguindo para a cozinha. Fiz um drink para Pietra e peguei refrigerante para mim. Pietra arrancou olhares curiosos, na verdade a curiosidade era para saber se estávamos juntos pra valer e eu queria que fosse verdade mesmo. Queria ela toda pra mim noite e dia sem nenhum segundo longe.
Pietra logo se juntou as meninas, eu tive que me contentar em só olhar de longe junto com os marmanjos.
—E aí cara? Voltaram?
—Nada. Somos amigos. - ironizei a palavra amigos.
—Coloridos né safado?
—Que nada. Roubei um selinho dela até agora.
—Como se viram hoje?
Expliquei como a gente se encontrou depois da festa dos meninos até agora, eles não acreditaram que eu só fiquei no selinho roubado.
Vi de longe as meninas arrumar um rádio, ligar e começar tocar um funk, elas começaram a remexer, Bruna puxou Pietra para dançar, ela no mesmo ato negou mas ficou em pé do lado das que dançavam até o chão, rebolando sem nenhum pingo de vergonha, minha moreninha a todo momento olhava para onde eu estava mas desviava o olhar quando eu sustentava nossa troca de olhares. Ela bebeu uma, duas, três caipirinhas e já estava rebolando até o chão, que mulher puta merda, ela ainda tinha aquele bundão, o corpo violão, a pele morena, o cabelo enorme.
—Ela tá bem soltinha né. - Dudu riu.
—Tira o olho. Ela diz que não mas ela é minha.
—Tira o olho tu, tá até babando. - Gargalhou junto com os marmanjos. Tirei a vista quando ela começou a caminhar para onde eu estava.
—Oi meninos! Luan vem cá rapidinho?
—Vai lá Luan. - Meus amigos me zoaram.
—Fala Pietra.
—Que foi que você tá com essa cara?
—Nada. O que você quer falar comigo? - Perguntei manso mexendo em seus cabelos negros.
—Ah nada. Eu queria companhia, as meninas não param querendo saber se voltamos. - Ela revirou os olhos.
—Eles também. Quer ir pra casa?
—Não posso dirigir agora. - Ela mexeu no líquido clarinho que estava no final mas ela acabou num só gole.
—Então para de beber. Vem vamos comer alguma coisa.
Puxei ele para a cozinha e lá preparei um lanche. Ela comeu metade e não aguentou comer o resto, bebeu todo do suco de uva.
—Vai amanhã mesmo?
—Você quer ir mesmo né? Não parou de pensar nisso. - Ela sorriu de lado.
—Eu quero me entender do mesmo jeito que você se entende.
—Eu queria me entender do jeito que você acha que eu me entendo. Eu tenho pesadelos até hoje, desde o dia que eu perdi meu bebê.
—Você não me disse isso. - Segurei em sua mão.
—Meus pesadelos sempre são com você e a Victória segurando o meu bebê e indo embora. Sorrindo felizes e eu chorando. Nunca contei isso para ninguém nem mesmo o meu psicólogo sabe disso.
—Pie… Eu nunca te deixaria. - Abracei ela.
—Eu tenho esse trauma. Me desculpa.
—Não tenho o que desculpar, vem cá, vamos lá pro meu quarto, a gente pode dormir, descansar e amanhã cedo a gente sai.
—Eles vão pensar que estamos transando. - Ela sussurrou já subindo as escadas.
—Quero mesmo que pensem que eu estou numa boa com você. - Beijei sua testa.
—Você quer mesmo me conquistar né? Eu sendo toda dura com você, e você aí me dando carinho, cuidando de mim. Meu pai me mandou ir atrás de você e fazer o que você tá fazendo, sendo amigo, cuidando de mim.
—Relaxa. Sabemos quem é a bebezinha aqui.
—Babaca.
—Teu amor.
—Eu sei disso.
Entramos no meu quarto abraçados. Ela se sentou na cama e tirou os sapatos. Tirei os meus também e fui pro banheiro, tirei a calça e coloquei uma samba canção, tirei a camisa e sai do banheiro, ela estava deitada com os olhos fechados.
—Pie. Troca de roupa, essa sua ta apertada.
Ela sequer se mexeu. Peguei uma cueca minha e uma camisa e comecei a tirar a roupa dela, tornando a vestir com a minha. Puxei o corpo dela pro canto da cama, cobri o corpo dela com edredom, liguei o ar e desliguei as luzes tornando a voltar para a cama e dormindo de baixo do edredom sentindo o cheirinho dela.
Senti uma dorzinha chata na minha perna machucada e tive que acordar, Pietra estava com a perna sobre a minha. Me mexi e ela remexeu despertando.
—Bom dia.
—Mal dia que dor de cabeça. - Ela reclamou.
—Vamos acordar, o povo ainda não levantou. - Mexi em seus cabelos.
—Vamos.
Ela levantou preguiçosamente e foi no banheiro, logo voltou.
—Eu lembro que você trocou minha roupa. Obrigada. E me desculpe pelo desabafo de ontem.
—Que isso. Somos amigos. Você pode me contar tudo.
—Eu sei. Obrigada. - Ganhei um beijo no rosto.
Entrei no banheiro e escovei os dentes. Tomei banho e sai de toalha, entrei no closet e achei o que vestiria. Ainda não tinha achado tempo para procurar por Silvana, ela tinha que dar um jeito nesse cabelo.
Saímos de fininho para ninguém acordar, entramos no carro dela e seguimos para a casa dela, segundo Pietra, ela precisa de um banho e tirar essa cara de ressaca.
Fiquei na sala esperando por ela, não demorou muito e ela desceu, cheirosa como sempre.
—Vamos comer alguma coisa, devemos ficar umas duas horas lá e sem comer nada.
—Vamos gulosa! - Rimos.
Ela preparou café e tinha bolo, comi bastante, estava nervoso pela consulta que ia ter.
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