29/05/2018

Capitulo 161

Pietra



—Opa! - Douglas apareceu do nada pegando um pacote de biscoito que ia caindo da sacola.
—Douglas! - Falei surpresa.
—Oi Pietra. - Ele me deu o biscoito e enfiou as mãos no bolso.
—Oi. - Continuei arrumando minhas sacolas dentro da mala. —O que faz aqui?
—Eu queria me encontrar com o Luan. Eu errei em estragar a nossa amizade e quero consertar tudo isso. Tenho certeza que se ele te ama, ele vai me perdoar.
—Douglas, eu não vou me meter nisso. Eu sei que ele não guarda nenhum rancor por você mas eu não vou falar sobre algo que possa deixar ele desconfortável, tanto quanto me deixa.
—Você se sente desconfortável?
—No momento sim. Você traiu a confiança de um amigo.
—E você de sua irmã.
—Exato. Mas ela antes disso tudo acontecer traiu a minha e nem por isso estou julgando ela. Você está falando com a pessoa errada se quer ouvir o perdão do Luan. E eu não vou te ajudar nisso. - Me afastei suficiente para que eu fechasse o porta-malas, empurrei o carrinho para o canto e ele se afastou indo embora, entrei no carro, observando Liz distraída com sua mão na boca. Coloquei meu cinto e liguei o carro saindo da vaga.
Respirei mais aliviada quando saí do estacionamento, pegando a rua principal. Cheguei em casa em poucos minutos. Luan me ajudou a pegar as compras, junto com Cida. Enquanto eu fui acalentar Liz que perto de casa começou a chorar. Liz era como eu, não gostava muito de carro, Luan foi quem percebeu quando a gente fez um passeio de carro e Liz começou a chorar.
—Tá tudo bem com o meu docinho? - Luan se sentou no sofá recebendo um olhar alegre de Liz. Ela se jogou para o pai e o mesmo a pegou, a enchendo de beijos.
—Eu vou trocar de roupa, já desço. - Avisei.
—Eu subo já. - Ele deu de ombro e então concordei. Subi rapidamente e troquei de roupa. Eu não sabia como Luan ia reagir sobre Douglas mas eu não podia deixar de contar a ele sobre ele ter falado comigo. Ele precisava saber.
Luan apareceu no quarto pouco tempo depois que eu subi. Colocou Liz na cama.
—É da clínica da sua mãe. - Ele avisou logo que me entregou o telefone.
Me levantei, a diretora da clínica começou a falar sobre minha mãe e seu mau comportamento, pedi que tivessem paciência com ela e que eu iria na manhã seguinte, ela concordou marcando uma hora para mim.
—O que está acontecendo?
—Minha mãe tem agredido os enfermeiros, eu já não sei o que eu faço mais. Eu não quero ela a base de remédios fortes mas é isso que a Adriana vai me pedir para autorizar.
—Vamos ter que decidir isso. Você ainda não está preparada para tomar decisões sozinha.
—Eu sei… - Suspirei.
Cida bateu na porta nos avisou que o almoço estava pronto. Liz estava enjoadinha e não queria comer sopinha. Como mais cedo eu falei com a médica dela, ela disse que podia os dentes que estavam nascendo, mas disse para insistir em alimentar ela e ver o que ela comia mais.
—Vamos meu amor, come só mais um pouquinho. - coloquei a colher perto da sua boca mas ela virou, Luan encarou ela feio e eu segurei a risada. Liz era tão pequena mas entendia tanto que quando Luan fechava a cara ela olhava para ele com tristeza e já chorava.
—Come o papa, filha. Ou então o papai vai brigar. - Alertei mesmo sabendo que ela não entenderia. Acabou chorando e eu desisti de alimentá-la. Luan terminou de comer rápido para que eu fosse comer, e logo veio pegar Liz que foi pro colo dele mesmo sem querer. Ele deu o suco de maçã para ela e começou a falar sobre ela querer um irmãozinho.
—Liz quer um irmãozinho né, princesa? - Ele fazia voz de criança enquanto eu comia, foi inevitável não sorrir. Aquele jeito todo de pai babão.
Terminei de comer e Cida tirou a mesa.
—Me dar ela, agora ela vai dormir, não conseguiu dormir direito no mercado. - Comentei a pegando no colo.
—Só come e dorme. - Luan comentou rindo e fazendo cócegas no pé dela.
Subi e fui cuidar de Liz, dei um banho nela e coloquei roupas confortáveis, ela logo dormiu. Desci as escadas e Luan jogava vídeo game, me sentei colocando as pernas sobre as suas, vi ele me olhar de lado e eu sorri.
—Cê já gosta de me ver jogando né? - Ele deu risadinha.
—Mesmo eu não entendendo nada. - Rimos. —Mas hoje eu quero conversar. - Ele pausou o jogo e me encarou sorrindo malicioso.
—Para de me olhar assim. - Eu disse rindo de lado. —É algo sério. - O encarei vendo desviar o rosto.
—O que é dessa vez?
—O Douglas apareceu no mercado hoje e veio falar comigo.
—O que esse filho da puta quer com você? - Ele me encarou com raiva.
—Luan, abaixa o tom. Ele queria te pedir perdão.
—Não existe perdão para o que ele fez e eu não estou falando que eu gostava da Victoria. Mas ele foi o meu amigo, ele podia ter vindo até mim e me contado.
—Mas não fez. Você não está errado e nem quero opinar sobre isso. Mas eu precisava tê contar que ele falou comigo disso. Não quero que haja segredo. - Ele suspirou passando as mãos nas minhas pernas.
—Me desculpa, eu descontei em você que não tinha nada a ver. Me desculpa mesmo.
Ele se mexeu até deitar sobre mim e me beijou.
—Eu desculpo se você pensar sobre isso com cuidado. Ele pode aparecer aí na porta te pedindo perdão e você tem que está com a resposta na ponta da língua, preparado para isso. Mas ele só quer o seu perdão, a amizade não precisa continuar depois de tanto tempo.
—Eu vou pensar. Vamos lá pro quarto. - Ele me deu um beijo no canto da boca. —Eu quero esquecer disso.
Mas antes da gente subir, a campainha foi tocada, eu mesma abri. Era Bruna com as meninas. Luan recebeu bem suas sobrinhas e sua irmã mas sua carinha de decepção era notória.
—Que carinha é essa do Luan? - Bruna comentou apenas para eu escutar.
—Vamos dizer que eu deixei ele na mão. - Dei risada e ela me acompanhou.
—Que malvada.
Érica também chegou e conversamos sobre a festa de João e Pedro. Mas falamos mais sobre a festa de Dudu, que era próximo também, e que ele não queria festa, mas ia ter que aceitar uma festa surpresa.
Luan não quis dar palpite, estava chateado, acabou perdendo o video game para as crianças e subiu para o quarto. Logo desceu avisando que ia na casa dos pais, fui até ele ver o quanto de chateado ele estava mas ele insistiu que estava bem e que mais tarde ia compensar o que não rolou a tarde, acabei rindo.
O final da tarde foi animado, as meninas estavam animadas, segundo elas esse ano era o ano de muitas festas e que não iam perder nenhum aniversário. Acho que a vida de casada estava acabando com a minha vidinha de balada.


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