25/07/2017

Capítulo 103

Luan


A espera pela resposta dela era angustiante, eu queria abraçar ela e pedir perdão mil vezes e falar que íamos ficar bem, que aquilo não ia se repetir.
Alguém bateu na porta e abriu.
—Filho, o Marcos está aqui, querendo te ver. Manda ele subir? - Ainda esperei pela resposta da Pietra que não respondeu.
—Manda mãe.
—Tá bom.
Pietra se levantou de supetão e foi para o banheiro, se trancou lá e só saiu depois que Marquinhos chegou.
—E aí cara. - Marquinhos cumprimentou-me. —Melhor?
—To na mesma mas um pouco melhor. - Fiz careta.
—E que aconteceu com a Pietra? Ela tá com uma carinha de choro.
—Ah não é nada. - Menti não querendo entrar em detalhes.
—Tem certeza?
—A gente brigou, só isso.
—Vish boi, ainda é sobre ela ter te ignorado aquele dia?
—É. Não! Ah sei lá se é ou não é. Eu só queria esquecer isso e fazer ela me perdoar.
—Ela não quer saber de perdão?
—Ela não me respondeu. Depois eu converso com ela de novo.
—Cheguei numa hora errada né? Foi mal.
—Não, tudo bem. Assim dá tempo dela pensar.
—E tu? Só fica deitado aí? Não levanta essa bunda não?
—Já fui até a cozinha almoçar, já fiz esforço demais, agora tô só deitado.
—Ainda dói?
—Pra caralho. Tem horas que eu não acho posição para dormir.
—Não queria tá na tua pele. - Ele riu se deitando do meu lado. Pegou o controle da tv e ligou a mesma. —Têm porno aqui? Você deve tá precisando dar uma aliviada.
—Muda disso filho da puta. Pietra entra aí eu quero ver.
—Ela já tá brigada com você. - Deu de ombro. —Só vai ter mais um motivo para brigar contigo.  - Ele riu debochado.
—Não fala isso. Ela quis ir embora ontem, quase não dormi de olho na mala dela. Muda isso cara! - Tentei pegar da mão dele e consegui, bem na hora que eu ia mudar de canal Pietra entrou e arregalou os olhos para a televisão que passava sexo lésbico. Seria cômico se não fosse trágico.
Marquinhos tomou da minha mão o controle e desligou.
—Oi Pie, chega mais!
—Eu não. - Ela foi seca com o meu amigo, eu só não ri porque ia sobrar para mim. —Dona Marizete pediu para perguntar se vocês querem café?
—Quero não coisa linda. Queria outra coisa mas o Luan tá aqui.
—Qual é cara? - Bati forte minha mão em seu braço.
—Que foi? Tá fortinho hein?
—Fica cantando a minha namorada bem na cara dura.
—Tu vai ficar solteiro mesmo. Né Pie? - Pietra ainda sorriu antes de sair. FIlha da mãe. —Ela até sorriu, não tá mais brava contigo não.
—E eu me confio no sorriso dela? Ela sorrir planejando em como me torturar.
Meu amigo gargalhou. Ele voltou a ligar a tv mas dessa vez ele mudou de canal colocando em um desenho bobo. Ficamos conversando até a hora do jantar, meu pai que veio nos chamar. Marquinhos desceu na frente, desci devagar, ainda não podia fazer esforços.
Minha mãe me deu um beijinho no rosto e fomos até a cozinha, Pietra estava sentada do lado da Bruna e Marquinhos roubou o meu lugar sentando-se ao lado vago da Pietra.
Tive que me sentar de frente para os dois, ainda fechei a cara para o meu amigo, amigo da onça, só se for.
—Pietra me ajudou com a lasanha hoje, filho. -Minha mãe falou chamando minha atenção.
—Legal.
—Hm! Vou experimentar a famosa lasanha! - Marcos falou animado. Todos se serviam, apenas eu encarava aquele filho da mãe me apunhalando pelas costas. Eu estava com raiva mesmo. Pietra ainda não tinham me perdoado e ficava de sorrisinho com o meu amigo que se jogava para ela bem diante do meu nariz e agora fica elogiando a lasanha da minha namorada
—Nossa Pietra. Eu vou na sua casa todo dia. Essa lasanha é uma delícia. - Ele falou já levando mais uma garfada na boca.
—Filho, não vai comer? - Minha mãe reparou em mim.
—Não quero lasanha.
—A Pie fez de frango, ela sabe que você não gosta de carne moída. - Bruna empurrou uma outra travessa. —Os dois estão uma delícia, meus nenens queriam os dois sabores. - Bruna deu risada envergonhada.
—Come, meu filho. Você tem que se alimentar para melhorar e voltar para a estrada.
—Quer na boquinha, querido?
—Já sou grandinho, mãe. - Resmunguei.
—Não foi o que eu vi até ontem, Pietra teve que dar na boquinha do bebê! - Bruna riu.
—Ah eu não acredito! - Marquinhos começou a rir também, fazendo escândalo.
Aquilo foi me irritando, isso estava ficando chato.
—Eu estava com dor. - Reclamei falando alto me arrependendo no mesmo momento em que minha costela doeu.
—Oh meu amor. Vou te servir. - Minha mãe colocou no meu prato arroz e lasanha de frango. Estava uma delícia mesmo, além de linda, é uma ótima cozinheira.
Terminamos de comer e Marquinhos insistiu para lavar a louça e Pietra enxugou as louças, me deixando irritado com essa aproximação deles.
Pietra nunca foi “amiga” “melhor amiga” dos meus amigos. Ela tinha amizade por ser muito educada e eu sempre gostei desses limites que ela se auto colocou, é difícil achar mulher que coloque limites nos homens mas Pietra era sem dúvida a especial. Mas isso só durou até hoje, nesse momento ela estava rindo de algo que ele falou e pedia para ele parar com algo que ele fazia ou dizia.
—E a dor querido?
Minha mãe se sentou do meu lado.
—Tá bem forte. - Falei sincero. Estava com muita dor mas minha atenção era na minha namorada brava comigo sorrindo com o meu amigo.
—Tomou o remédio das oito horas?
—Esqueci. - resmunguei.
—Por isso a dor. Poxa vida Luan Rafael. Assim você nunca vai melhorar.
Minha mãe levantou novamente indo até a cozinha. Voltou com o comprimido e o copo com água. Tomei o remédio e ela ainda ficou me paparicando.
—O que eles estão fazendo? Tá um silêncio. - murmurei para mim mesmo mas minha mãe estava me fazendo carinho na cabeça e ouviu também.
—Estão na rede conversando lá fora.
—Nossa, eles me excluíram legal. - Reclamei.
—Mas eu tô aqui, meu bebê.
—Acho que eu não tenho namorada. - Suspirei.
—Mas tem sua mãe.
—Nem amigo.
—Mas tem eu, Luan.
—Nem irmã. Cadê ela falando nisso?
—Tá conversando com a Pietra e o Marcos. Meu Deus. Quanto drama.
—Eu vou lá neles.
—E eu vou subir, estou cansada e acordei cedo.
—Tá bom, xumba. Boa noite, dorme com os anjinhos. - Beijei sua bochecha e ela sorriu derretida.
—Eu tô adorando te ver em casa todos os dias. - Ela comentou subindo as escadas. Sorri alegre mas com uma falta que eu sentia dos palcos, nem uma semana se passou e a saudade já se faz presente.
Decidi não ir até eles, subi pro meu quarto e abri o twitter no meu celular, todos os meus fãs  já estavam avisados que todos os shows seriam remarcados mas eles não sabiam o motivo e eu não havia entrado nas minhas redes sociais para me explicar. Sabia que estavam falando sobre a briga que eu me envolvi e que meus fãs eram espertos o suficiente para perceber que minha afastação era sobre essa briga mas mal sabiam que eu estava de repouso por conta da briga.
—Oi, oi gente. - Iniciei a live pelo instagram vendo o número multiplicar mais e mais. —Oia tem bastante gente já. - Mexi na barba mal feita. Subia um monte de comentários e alguns dava para ler mas a maioria passava despercebido. —Cês tão com saudade de mim? Porque eu tô morrendo de saudade já. Dois meses é muito. - Percebi que ninguém sabia que eu ia ficar afastado dois meses, pois vi os comentários de surpresa. —Pois é, dois meses. Eu quebrei a costela e tenho que ficar de repouso, mas vim aqui fazer uma live pr'ocês. - Sorri. —Eu tô em Londrina, na chacará. Tirar esses dias de descanso. Só não posso pescar. - Fiz bico e acabei rindo vendo os comentários subir mais.
—Eu vou colocar o celular aqui. - Encostei o celular no encosto da cabeceira. —Cês querem música? - Levantei pegando o violão. Me sentei na frente do celular e coloquei o violão no meu colo. —Eu tô com a costela quebrada mas não largo do meu parceiro. - Mexi nas cordas, tirando uma melodia suave.
—Oi. - Pietra apareceu, abaixei a cabeça ignorando-a.
—Vou cantar planos da meia noite. - Preparei minha voz rapidamente e comecei a cantar.


Olha só
Vê se para de falar e vem fazer
É bem pior
Me pôr na sua boca e não morder
Vem fazer
Os meu olhos mais felizes de manhã
Vem no frio ser meu cobertor de lã
Que eu já vou
Convidado ou intruso, mas eu vou
Pro seu beijo me enganar
Que eu já vou
Convidado ou intruso, mas eu vou
Pro seu beijo me deixar bem mais confuso
Olha só
Vê se para de falar e vem fazer
É bem pior
Me pôr na sua boca e não morder
Vem fazer
Os meu olhos mais felizes de manhã
Vem no frio ser meu cobertor de lã
Me põe nos seus planos da meia noite
Abre um sorriso, um vinho, a porta
Tudo, tudo, tudo
Que eu já vou
Convidado ou intruso, mas eu vou
Pro seu beijo me enganar
Que eu já vou
Convidado ou intruso, mas eu vou
(Mas eu vou) pro seu beijo me enganar
Que eu já vou (que eu já vou)
Convidado ou intruso, mas eu vou
Pro seu beijo me enganar
Que eu já vou
Convidado ou intruso, mas eu vou
Pro seu beijo me deixar bem mais confuso
Se eu fico, eu fujo
Se eu fico
(Eu fico)

Pietra ficou observando tudo.
—Cês gostaram? - Sorri alegre. Cantar e saber que meus fãs gostam é tão prazeroso. —Escutem essa.
Era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto das nuvens serem feitas de algodão
Dava pra ser herói no mesmo dia em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche, um banho quente e talvez um arranhão
Dava pra ver a ingenuidade a inocência cantando no tom
Milhões de mundos e universos tão reais quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho e um remédio era beijo e proteção
Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupação
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado dói bem menos que um coração partido.


—Beijo, beijo. - Me despedi mandando beijo e encerrando a live.
Pietra  mantinha a cabeça erguida pelo braço que estava apoiada na perna.
—Marquinhos já foi. - Ela comentou se levantando e arrumando o casaco que ela usava.
—Imaginei isso. Eu posso saber da sua resposta agora? - Coloquei o violão onde ele estava antes e voltei para me sentar onde eu estava antes mas dessa vez olhando diretamente para a minha namorada.

Perdoa ou não perdoa? Dessa vez não tem como fugir hahaha

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