14/08/2017

Capitulo 109

Pietra


O que poderia ser uma madrugada de sexo e muito amor, foi para briga e reconciliação de imediato.
Luan veio comigo buscar minha mãe, mas creio eu que era para me manter longe de Caio, isso eu tinha certeza que faria.
Demos os nossos nomes na portaria e a moça ainda ficou olhando admirada pro Luan. Encontrei meu pai e ele conversava com o doutor que atendeu minha mãe ontem.
—Vem cá, o doutor está falando sobre sua mãe. - Meu pai me chamou mais para perto já que de onde eu estava não dava para ouvir e eu não queria atrapalhar a conversa deles.
—Oi Pietra. Luan? - O doutor se mostrou surpreso.
—Tudo bom? - Luan estendeu a mão para o médico que pegou de bom agrado, sorrindo.
—Estou sim, tenho notícias de sua mãe. - O doutor me olhou cauteloso.
Ele começou a explicar que agora ela não precisava de cuidados médicos mas sim de psiquiatricos, me indicou o melhor e liberou ela.
—Oi Victória, que bom que veio. Oi meu genro querido. - Minha mãe nos cumprimentou daquela forma. Meu coração apertou.
—Sou eu, Pietra.
—Não… Você é a Victória, eu lembro da minha filha querida.
Engoli o soluço que quis sair. Me afastei dela um pouco.
—Calma. - Luan passou a mão na minhas costas. Respirei fundo e voltei outra vez.
—Temos que ir para casa. - Tentei sorrir.
—Ótimo, não aguentava mais continuar aqui.
Ela foi se levantando, pegou a bolsa de roupa que eu trouxe e foi para o banheiro se vestir.
—A gente vai ter que conversar e procurar um lugar para ela ficar. - Meu pai me encarou cauteloso.
—Não precisa procurar, eu vou ficar com ela.
—Pietra… ela precisa de ajuda.
—Ela tem a mim. Não vou negar ela como ela me negou, eu tenho sentimentos. - Falei séria, não me passou pela cabeça em colocar ela em uma casa de repouso e deixar ela por lá. A deixei livre enquanto ela não me queria mas agora ela precisa de alguém que cuide dela.
Meu pai se rendeu fingindo encerrar o assunto, minha mãe logo saiu e veio até mim e me abraçou.
—Te amo querida.
Ela sorriu tão doce.
Saímos do hospital e então fomos para a minha casa, até meu pai veio conosco, mas no carro dele.
Ao chegarmos acomodei minha mãe no quarto de hóspedes e disse que fazia um almoço.
—Mas menina, você não sabe nem fritar ovo. - Ela deu risada. Victória não sabia cozinhar nada mas eu sabia.
—Eu sei mamãe. - Afirmei para ela.
Ela continuou rindo e eu saí do quarto, trombei com Luan no corredor.
—Ela não pode ficar aqui, Pietra.
—Porque não? - Olhei para ele incomodada.
—Ela precisa de atenção por 24 horas, nossa agenda é maluca, estamos sempre fora de casa. Quem vai cuidar dela?
—Eu vou pensar nisso mas não estou pensando nela como um encosto na minha vida.
—Eu não disse isso. - Ele se endireitou visivelmente sem graça.
—Mas pensou. Eu não vou deixar ela.
Falei convicta e então desci. Preparei algo para comer, algo que lembrasse a mim.
Lembrei dos meus cachorros e pedi pro meu pai buscá-los no canil. Ele foi e voltou, meu cachorros sentiram minha falta, eles fizeram festa e os menores estavam bem grandinhos, dando latidos e bem brincalhões.
O almoço foi em silêncio, ninguém comentou nada mas eu me atrevi.
—E aí mãe, gostou da lasanha?
—Adorei, sua irmã que ia gostar, ela adora essa lasanha. - Ela comentou.
Eu tinha que ser forte para não me atingir essas coisas.
—É a minha preferida, mãe. - Sorri forçado.
—Ah não sabia. - Ela falou pensativa.
Terminamos de comer e ela fez questão de lavar a louça, papai as guardou enquanto eu dava atenção aos meus cachorros.
—Eu tenho que ir. - Ouvi a voz do Luan logo atrás de mim.
—Já?
—É. Minha mãe chegou de Londrina. Se amanhã eu vim aqui eu pego suas coisas e trago as que ficaram lá e ela trouxe.
—Tá bom.
Suspirei. Levei ele até o portão e me despedi dele com um beijo.

[...]

A semana passou com muitos contratempos, tive que voltar a trabalhar e deixar minha mãe que ainda não me reconhecia em casa.
Meu pai me visitava e me ajudava, ele desabafou comigo que Daniela não estava gostando disso mas que não ia se afastar. Contrário do Luan.
Ele me manda um monte de mensagens no dia mas nunca poda ficar aqui em casa por mais de duas horas. Estava ficando cansativo só ver ele de madrugada, dormir e acordar e não encontrar ele em casa.
Eu sabia que ele se afastou por causa da minha mãe, mas era a minha mãe e eu não ia dar as costas para ela numa situação dessas.
Como Daiane estava de férias com a família, fui atualizando a agenda dela, tinha alguns eventos muito bons para ela ir e estava atualizando junto com ela para ver o que ela mais gostava.
Hoje é o aniversário de Bruna juntamente o chá de bebê dela e a descoberta do sexo dos bebês dela.
Arrumei as coisas que ia levar, eram as coisas que havia comprado da gravidez que foi interrompida e acabei não usando e guardando com maior carinho, agora era a hora de passar adiante e deixar a Bruna descobrir como é gostoso ser mãe.
Recebi o endereço da casa nova dela, sim ela estava para se mudar mas ainda ia curtir a gravidez inteira ao lado dos pais e irmão.
Coloquei tudo dentro do carro e voltei para me despedir da minha mãe, ela estava vendo TV, ainda me doía escutar ela me chamar de Victória mas estava aprendendo a lidar com isso.
O médico psiquiatra disse que isso é a causa se um trauma, com certeza ela fingi se esquecer da morte de Victória e como eu sou gêmea dela, ela acha que eu sou Victória. Mas isso ela não faz por querer, seu cérebro é responsável pela ocultação de detalhes de sua vida. É só ela querendo com muita vontade se lembrar de todos os fatos que aconteceram.

Ao chegar no endereço que Bruna me deu, avistei alguns carros. Inclusive de Luan. Peguei as coisas e fui até a porta que estava entreaberta. Entrei já avistando dona Marizete, assim que ela me viu abriu um sorrisão e veio ao meu encontro.
—Olha quem chegou. entre, quanta coisa. - Ela sorriu alegre.
—Coisinhas para o bebê. - Sorri animada.
—Vem. Vamos deixar essas coisas na varanda. Deixei junto com os outros presentes. Luan conversava animado com o Breno e o Caio. Caio me viu e deu tchauzinho, eu fiz o mesmo cumprimento e voltei a olhar o pessoal, Bruna estava entre as mulheres, conversavam sobre algo animado e então me juntei a elas.
As brincadeiras começaram, as amigas deveria descobrir qual era o sexo dos bebês, Bruna escondia os talheres de baixo da almofada e tínhamos três escolhas, no final das contas eu sentei duas vezes no garfo que simbolizava o menino, e uma vez na colher que simbolizava a menina.
—Bom. Agora é a hora de vocês descobrirem o sexo dos bebês. - Bruna sorria nervosamente. —São duas meninas! - Ela gritou junto com o Breno, ambos sorriram animados. Eu fiquei surpresa, aquilo era tão lindo, duas meninas! Fantástico.
Abraçamos o casal e eu acabei trombando com Luan que até então não falou comigo.
—Opa! - Sorriu segurando meus ombros. Me soltei dele e continuei andando, me sentei do lado da Érica e sorri com os meninos próximo a gente.
—O que está acontecendo com vocês? - Érica perguntou olhando de relance pro Luan.
—Ainda não sei… Te contei que minha mãe está morando comigo?
—Como é que é? - Ela me olhou alarmada.
—Fala baixo, Érica. - Pedi estreitando os olhos.
—Ela voltou a falar com você? Depois de tudo que você passou?
—É voltou, mas acha que eu sou a Victória.
—Como assim?
Contei o que estava passando na minha vida, embora ela tenha se afastado como amiga, ela me ouvia como ninguém conseguia e me dava muitos conselhos.
—Olha, é difícil isso. Você e Luan deveriam ter conversado antes, vocês são um casal a cima de tudo.
—É a minha mãe, Érica. Não ia deixar ela e conversar com ele. Sem contar que a casa é minha. - Naquele momento Luan passou por mim e parou, ele tornou a andar para onde ele estava indo.
—Tá vendo? Às vezes as palavras machucam, vai lá pede desculpas. E aproveita e conversa com ele.
Fui contra a minha vontade, mas Érica estava certa, eu precisava conversar com ele. Não existe uma palavra que definisse o nosso relacionamento, não éramos namorados mas também não éramos casados/noivos. Era um relacionamento só nosso, bem diferente dos outros.
Me aproximei de Luan que estava na mesa de doces, toquei em seu ombro e ele se virou assustado, seu olhar de dor encontrou o meu e ele desviou rapidamente.
—Eu preciso conversar.
—Não temos nada para conversar. - Ele disse seco, se afastou de mim e foi pegando alguns doces. Saiu de perto da mesa com as mãos cheias de doces. Segui ele que parou meio distante de todos, na escadinha perto da piscina.
—Vai ficar me seguindo? Até meia hora atrás não queria que eu te encostasse, todos viram sua ignorância comigo.
—Me escuta? - Sentei-me colocando o braço em sua perna. —Eu não fiz aquilo para te magoar.
—Mas magoou.
—Eu sei…
—Pode deixar que eu não vou mais frequentar a sua casa. - Ele disse dando ênfase nas duas últimas palavras.
—Eu só queria explicar para Érica que eu tenho mais poder, Luan. Se a casa fosse sua eu pensaria em outro jeito de colocar minha mãe por perto. Ela é a minha mãe caramba. Eu não te contrariava se fosse a sua mãe.
—A minha mãe não negou o filho que tem.
—Mas sou diferente, tenho um coração frágil, não conseguiria deixar minha mãe longe.
—Ela te afastou.
—Mas não posso pensar no que ela fez, ela está com problemas. Se ela lembrar de quem eu sou e quiser ir, eu não vou impedir mas se ela não reclama de ficar comigo, ela vai continuar.
—Tudo bem, Pietra. A casa é sua não é? Não posso fazer nada.
—Você pode continuar indo lá. Ela gosta de você.
—Ela gosta do cara que fica com a “Victória”.
—Para, isso me dói também. Você acha que está sendo fácil ouvir toda vez que a Victória é o amor da vida dela? Mesmo ela morta, e ela querendo reviver ela.
—Eu sei que está sendo difícil para você mas eu não posso ficar de sorrisinho e achar que ela é a melhor sogra do mundo.
—Então é isso?
—Isso o que?
—Vai se afastar cada vez mais e quando a gente ficar um mês sem se ver e eu descobrir que você está me traindo vai jogar na minha cara que a culpada de tudo é a minha mãe?
—Pietra… - Ele me olhou com dó. Tentou me tocar mas eu impedi.
—Me responde.
—Eu não vou te trair, não vou deixar ninguém ser culpado de algo que ninguém tem culpa. Eu tô aqui, certo? A gente vai encaixando as coisas.
—Você não está facilitando em nada.
—Eu não sei o que fazer. Me desculpa eu não sei ser falso.
—Não precisa ser falso, seja mais cuidadoso, o que ela está passando não é brincadeira, é caso sério.
—Eu vou tentar ir na sua casa mais vezes mas não prometo nada. Eu tô voltando para fazer shows e a agenda tá lotada.
—Quando você quiser ir lá pode ir, as portas sempre estarão abertas. - Me levantei.
—Pode deixar. - Ele fez o mesmo que eu.

Me afastei dele bem pior do que estava antes, estava com raiva, agora estou magoada e triste por ficar tão distante dele, eu sei que isso vai acabar com o nosso relacionamento mas eu não tinha muito o que fazer, a não ser esperar.

E quem é o certo? Ninguém sabe dizer...

O clima continua tenso, mesmo eles evitando uma briga maior.

5 comentários:

  1. Tudo culpa da mãe dela. É ruim ter coração mole

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  2. Que situação, espero que tudo se resolva

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  3. Apareciii
    Chorei aqui com essa conversa dos dois... Isso vai acabar afastando eles cada vez mais, e o pior de tudo, fazendo com que eles terminem...


    Posta maiiiiis

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  4. Tá complicado. Espero que se resolvam.
    P.S: Brenna Dias

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