Luan
Eu estava dormindo todo esparramado na cama, o celular tem tocado umas cinco vezes e eu não quero levantar e ver que era a Victória me ligando. Já não basta o vexame que passamos no aeroporto discutindo sobre uma traição. Ela e o meu melhor amigo falando sobre coisas que eu mesmo nunca conversei com ela por mensagens. Mandei ela ir embora para eu pensar no que eu ia fazer. Mandei ela ir para São Paulo e liguei para o meu sogro avisando que sua filha estava indo para São Paulo, ele tentou descobrir o por quê mas não dei entrada e desliguei. Estava cansado dessa palhaçada, eu conversaria depois com o Douglas, ele tinha que me dizer o que estava acontecendo.
Com essa traição me veio na cabeça que eu poderia estar planejando o meu casamento de cabeça quente, e casamento com uma mulher que deu o golpe da barriga, e tinha uma porcentagem grande de essa criança não ser minha.
O telefone ainda tocava e isso já me irritava, o peguei com raiva e vi que as ligações eram da Bruna. Ah esqueci do vídeo chamada que minha mãe me fez prometer que íamos fazer.
—Oi bom dia.
—Só se for só para você. Já viu o caos que a sua noiva fez?
—O que?
—Postou uma foto de sapatinho de bebê e um texto dizendo que você adorou a surpresa, que vocês vão se casar. Mamãe disse que está muito chateada com você por não ter esperado mais um tempo. E sem contar que o papai saiu mais cedo para o escritório, tá com uma tromba de meio metro.
Eu bufei realmente chateado por tudo está saindo do controle. Eu não poderia nem negar que no filho não é meu e que ela me traiu, estava sem saída para fugir de tantas perguntas.
—Liga o skype aí, quero falar com a Xumba.
—Ela disse que não quer falar com você. Ela tá bem chateada.
—Tudo bem, Bruna. Eu vou tentar resolver isso tudo.
—Assim eu espero.
Ela desligou na minha cara e eu fiquei sentado na cama pensando em como acabar com aquela desgraçada. Como poderia ser tão baixa a esse ponto?
Pietra sempre foi diferente, muito bem centrada, positiva e profissional quando se tratava de mim. Eu achava até que era um jeito dela. Mas hoje vejo que era um meio de não me ter como amigo ou algo do gênero. Eu fui persistente e consegui ficar com ela.
Abri meu instagram e estava um caos, era briga reclamando de eu não ter contado primeiro, uns apoiavam, outros guerreavam dizendo que ela não era mulher para mim. Eu saí do instagram tirando o login do meu celular, antes que travasse o mesmo. Perdi o sono e fiquei perambulando pelo quarto. Já não tinha mais unhas e já machucava meus dedos quando vi o nome da Pietra aparecer no meu celular.
—Por que deixou a Victória falar sobre a gravidez assim?
—Ela fez isso porque eu descobri que ela me traía.
Pietra ficou em silêncio por alguns segundos ou talvez minutos.
—Como? O bebê não é seu?
Eu senti uma pontada de esperança na voz dela.
—Não sei. Não tem como eu te explicar agora. Quando a gente se ver eu te explico melhor.
—Tá certo. - Ela sussurrou.
Encerrei a ligação vendo que ela ainda continuava do outro lado da linha. Eu estava com o coração despedaçado, eu fiz Pietra me amar, criar futuro para gente e agora eu toda vez que ouço ela falar, sinto que ela quer voltar, tanto quanto eu quero.
Rober apareceu no meu quarto achando que eu ainda não sabia de nada que a Victória fez. Desabafei com ele, ele disse que já suspeitava do Douglas, mas não queria ser o dedo duro que me contaria. Ele disse também que Victória sempre se ofereceu para todos da minha equipe mas o único que transou com ela foi o Douglas. Meu melhor amigo, quem diria. Ele comparou a Victória com a Pietra. “Pietra se dá o respeito, sabe ser educada, gentil e ao mesmo tempo respeitada.” E era verdade, eu sinto falta disso dela. Ah Pietra, eu sinto tanta falta de você…
Pietra
A esperança gritou no meu peito “Conta para ele que você tem um bebê dele, ele vai terminar com ela e ficar com você.“ Eu estava era me iludindo. E na dúvida estava eu comendo sem parar.
—Oi, o que tá comendo? - Yan pareceu arrumado para sair.
—Batata frita.
—Fritura?
—Meu bebê pediu.
Ele me olhou feio sem dizer nada e eu Encolhi os ombros.
—Isso é errado sabia?
—Eu sei. Mas deu vontade.
—Tudo bem. Mas só dessa vez. Vou confiscar todas as besteiras que tem aqui quando eu chegar.
Eu acabei rindo. O levei até a porta e nos despedimos.
Eu estava bastante confusa com essa informação toda. Foi eu chegar dos exames e ver um monte de ligações não atendidas e de números desconhecidos. Amarildo me ligou dizendo que o escritório estava um caos pela notícia que pegou todos de surpresa. Eu disse que ia passar lá na parte da tarde e assim fiz.
—Vamos ter que adiar o lançamento do DVD. Essa notícia acabou com o marketing que vinha acontecendo, e Victória sabia disso.
—Eu passei uma nota dizendo que o Luan vai fazer uma coletiva informal para tirar todas as dúvidas e a revista Caras pediu uma entrevista com exclusividade.
—Fechado então, uma entrevista com a Caras e ponto final.
Achei precipitado demais mas concordei. Agendei o dia da entrevista com o pessoal de lá e entrei no twitter, estava uma bagunça ainda, o assunto era o filho do Luan, o mais novo herdeiro.
Já passava das seis e eu estava indo embora de uber, Érica me ligou avisando que não iria para a aula de dança. Então me restou ir sozinha, a aula tinha um poder sobre mim que era difícil de explicar, simplesmente todos os problemas sumiam e me fazia relaxar e hoje em especial eu precisava dessa aula.
Do mesmo jeito que meus problemas sumiram durante a aula uma dorzinha no canto esquerdo apareceu, eu consegui terminar a aula mas corri para casa o mais rápido possível.
—Tá tudo bem? - Yan que estava na sala me recebeu vendo que eu estava mal.
—Sim. Um pouco, eu só estou com uma dorzinha nessa parte da barriga.
—Quer ir ao médico? Pode ser alguma coisa…
—Quero um banho quente, se não passar eu vou.
—Banheira?
—Só tem banheira no seu banheiro. Melhor não.
—Porque não? Vamos lá.
Ele quase me carregou no colo mas não precisava disso eu ainda conseguia andar.
Yan me deixou sozinha no banheiro depois de ter certeza que eu estava bem. O banho me relaxou mesmo, água quente relaxou a dor que eu sentia. Saí do banheiro enrolada e corri pro meu quarto. Coloquei um pijama e fui agradecer ao meu amigo.
—O que você tá fazendo aí?
—Estrogonofe de frango, gosta?
—Hmmm. Eu amo!
—E a dor?
—Passou, quase eu não sinto mais. - Dei um sorriso de canto. —Obrigada por me ajudar sem você eu não saberia como lidar.
Recebi um beijo na testa e o abracei.
Tentei ajudar com a comida mas foi em vão, Yan me mandou ficar deitada no sofá. Acabei obedecendo e fiquei vendo TV.
Quando ficou pronto, Yan me chamou e comemos juntos. Ele tomou vinho e eu suco de uva que ele mesmo fez.
—Já pensou no nome que vai dá pro bebê?
—Ainda não, eu tô sem cabeça para isso. Deixa quando a minha barriga ficar maior e eu tiver tempo de sobra para pensar em qual nome eu vou por.
—Você quer menino ou menina?
—Quando eu era mais nova queria muito menina, arrumar o cabelo, dar dicas de meninas. Mas agora pensando melhor acho que um menino seria melhor. Eu demorei muito para entender o mundo masculino e ainda não entendo, mas com um menino eu posso tentar entender e fazer ele entender esse mundo feminino.
—Não magoar as meninas, ser decisivo…
Ele disse sorrindo.
—Mais ou menos isso. - Ri. —Eu quero fazer a diferença pelo meu filho.
—Eu entendo… E o seu pai? Deve tá bobo. - Riu.
—Tá sim. No mesmo dia que eu contei para ele, ele passou na frente de uma loja e comprou um macaquinho pro bebê.
Da mesa de jantar, fomos parar no sofá da sala assistindo “prison break” uma série que eu já estava viciada e eu viciei o Yan.
Eu amei os comentários anteriores, vocês me motivam a continuar sempre, obrigada.