27/04/2018

Capitulo 151


Luan


—...Mas só irei contar no dia do nascimento. - Toquei seu nariz vendo sua expressão mudar novamente, a deixando braba.
—Isso não se faz, Luan! Que saco! - Ela bufou me fazendo rir.
—Licença. - Ouvimos Cida falar na porta do quarto.
—Entra, Cida. - Falei me arrumando na cama.
—Vim avisar que o jantar está na geladeira e que eu já estou indo para casa. - Ela sorriu bem tímida.
—Já disse que pode dormir aqui né? Fica tarde para a senhora sair assim.
—Não é necessário. Meu filho me busca na porta do condomínio. E não é tão tarde assim. São apenas sete da noite.
—Vai ficar aqui quando Pietra tiver de repouso né?
—Vou sim. Vocês tem sido uma segunda família para mim.
—Que bom que a senhora pensa assim. Luan já a tratava como uma mãe e eu já estou sendo mimada pela senhora. - Pietra falou deixando Cida feliz.
—Uma mãezona. - Levantei-me e enchi Cida de beijos no rosto, ela ficou mais tímida ainda. —Amor, vou no Dudu e já levo a Cida ao portão do condomínio tá? - Avisei a Pietra que concordou.
Vesti uma outra roupa e desci com Cida. Encontrei com o filho dela que eu já o conhecia e peguei a avenida principal, mas não ia para o estúdio do Dudu. Eu tinha um outro lugar para ir.
Fiquei esperando por alguém abrir a porta, logo após ter tocado a campainha. Agora não teria mais volta, eu tinha que ser forte.
—Luan? - Meu sogro, Paulo estranhou minha visita sem aviso.
—Eu posso conversar com o senhor? 
—Claro, entre. - Ele me deu passagem e eu entrei. —Aconteceu alguma coisa com a minha filha? Com a minha neta? - Ele parecia confuso. —Elas estavam bem ainda agora, falei com Pietra.
—Elas estão bem sim, seu Paulo. Dani está em casa? - Olhei atento se ouvia algum barulho pela casa.
—Estou só. Dani foi visitar os pais no Rio.
—Certo. Eu queria mesmo falar com o senhor em particular. - Ele me indicou o sofá para nos sentarmos, minhas mãos estavam geladas e suadas, as sequei na calça, aproveitando para ajustar a mesma nos  meus joelhos. —Bem… Eu nem sei como falar isso. O senhor vai me achar louco. - Encerei-o deixando mais confuso.
—Como assim filho? Me explica isso.
—Tem algumas semanas que isso vem me perturbando, não sei como resolver. Pietra está nas últimas semanas de gestação e eu não queria passar nenhum nervoso a ela ou a nossa filha. - Respirei fundo encarando ainda sua expressão confusa. —Victória está viva e não é loucura minha. - Soltei de uma vez. Parece que tirei um peso das minhas costas.
Ele me olhou mais assustado ainda, piscando diversas vezes.
—Como? Eu enterrei seu corpo… impossível isso! - Ele se levantou bruscamente me deixando mais nervoso.
—Eu também achei impossível, mas ela estava na minha casa. Perto da Pietra enquanto dormia na sala. Eu a vi, discuti com ela. Ela ameaçou a mim se eu não largasse da Pietra. - Despejei mais uma vez.
—Luan, olha a brincadeira que você tá me fazendo passar. Eu não gosto desse tipo de brincadeira. Ela tinha seus erros mas ainda sim era minha filha. Eu a perdi. Pior dor de um pai é ver sua filha morta e você vem com esse tipo de brincadeira.
—Eu não estou de brincadeira, seu Paulo. - Me levantei, tão nervoso quanto ele. —Ela que está brincando com o meu casamento. Quer que eu me separe de Pietra. Vou perder o início da vida da minha filha. - Agora sim ele acreditava em mim. Minhas lágrimas lhe mostraram o meu medo.
—Mas como aconteceu isso?  
—Ela disse que obrigou aos médicos para que dessem o laudo dela como morta para o senhor. Forjou tudo isso até hoje. E agora quer que eu me separe para que Pietra sinta o que ela sentiu.
—Isso é inacreditável! - Ele passou as mãos pelo cabelo até o rosto. —É insano acreditar nessa história.
—Estou lhe contando mas não acredito no que eu falo, seu Paulo. Eu queria estar louco. - Suspirei. 
—Eu nem sei por onde começar a ter certeza nessa história. Victória está morta! 
—Desculpa a sinceridade, mas eu queria que ela estivesse morta mesmo.
—Você já se ouviu? Olha o que você vem falar para mim. Isso tudo é um absurdo!
—Se eu estivesse brincando não ia vir brincar com  uma coisa dessa! Eu vim aqui, procurei pelo senhor, na esperança do senhor me ajudar. Eu não estou louco, só quero ela longe de me trazer problemas.
—Não consigo acreditar nisso, eu vi o caixão da minha filha ser enterrado, Luan! Senti a dor de ver minha filha morta.
—O senhor viu o corpo dela? 
Ele ficou em silêncio por um momento, me encarando e pensando.
—Eu não a vi. Não deixei que abrissem o caixão. Não tinha muitas pessoas no velório e não teve necessidade. - Ele fungou.
—Então pronto. Victória não está naquele caixão. Ela está vivíssima me atormentando. - Falei exaltado.
—Atormentando? O que ela quer de fato? 
—Quer ver a Pietra distante de mim. Quer que eu ache um motivo para acabar com o casamento.
—Mas como? 
—Ela disse que se eu não fizer isso vai fingir que eu mantinha ela presa por esse tempo e eu vou sair como o doente nessa história e ela como a mocinha, e sabe lá como a mídia vai foder mais minha vida.
—Ela não pode fazer isso! Ela tem alguma prova? 
—Não sei. Simplesmente ela me joga essa bomba de aparecer viva e me manda separar da Pietra ou então me acusa de manter ela presa e morta por esse tempo.
—Já pensou na possibilidade de ir na delegacia?
—Já pensei. Mas também pensei na Pietra. Ela tá nas últimas semanas de gestação, saber assim que a irmã morta está na verdade viva é um choque.
—Tem razão. - Ele falou pensativo. —Ela disse que você tinha que falar logo? Ela deu algum prazo? 
—Disse que tinha que ser logo e antes da minha filha nascer.
—Você tem que se separar da Pietra então. Não vejo outra alternativa.
—Eu vou perder os primeiros momentos da minha filha, seu Paulo. - Me desesperei. —Sem contar que o que eu vou falar com ela? ‘Ah me cansei vou voltar pra casa dos meus pais e você se vira aí!’ ela não vai entender e vai piorar mais a situação.
—De qualquer jeito ela vai sofrer. - Ele constatou.
—Eu não sei o que fazer. Pensei em todas as alternativas mas não dá pra iniciar nada sem que ela sofra. Pietra não vai me perdoar e pior vai ferrar a minha carreira.
—O que é mais importante? Pietra ou sua carreira? 
Aquela pergunta me pegou totalmente de surpresa, ninguém nunca tinha me feito pensar quem era mais importante na minha vida.
Voltei a aparecer e pra ficar, querem mais um capitulo? 

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