Luan
Eu não sabia o que responder, Pietra é muito importante para a minha vida é alguém que fez dos meus dias melhores. É alguém que eu aprendi amar da forma mais linda, me ensinou a amar de verdade e mais que tudo me deu mais um motivo para aprender, uma filha, ela estava gerando um fruto do nosso amor, uma criança tão importante para as nossas vidas.
Mas eu amava cantar, amava o modo que eu levo minhas letras, minha forma de amar e amo como as pessoas se identificam, mostrando-me que eu era mais um no meio de tanta gente amando alguém infinitamente. Do mesmo jeito que eu amo minha mulher.
Mas eu sabia resposta, ela veio depois que eu fui embora, sem dar uma resposta ao Paulo que me disse para pensar. Bom, eu pensei. Andando pelas ruas de São Paulo, me peguei pensando nas causas que me fazem amar Pietra. Ela era daquele jeito lindo, um mulherão para mim e ao mesmo tempo menina meiga que me encantava todos os dias de nossas vidas.
E eu queria continuar encantado com aquela menina mulher.
Dirigi o mais rápido que eu pude voltando para casa, precisava contar a Pietra, ela precisava saber.
Pietra
Esses dias estavam cada vez mais intensos para mim, minha menina era que nem pipoca, se mexia o tempo todo mas hoje em especial estava quieta, não totalmente, eu sentia alguns movimentos seus, agora em diferentes lugares.
A enfermeira que vinha me ver todos os dias dizia que se os chutes mudassem para perto das costelas, era porque ela já havia mudado para a posição correta para o nascimento e que era só esperar vir as contrações.
E hoje mais que especial estava sentindo os movimentos eram em cima da barriga, eu sentia ela ainda mais. Sentia que meu corpo se preparava para o nascimento da minha filha, estava perto para ter ela em meus braços.
Comuniquei isso a minha médica, via whatsapp, ela ficou feliz pela notícia e disse que no dia seguinte a minha enfermeira passaria aqui para me examinar. Já que agora eu preciso de consultas todos os dias.
Como Luan estava no estúdio do Dudu, eu tive que jantar sozinha. Me sentei no sofá carregando meu copo e meu prato. Liguei a TV e coloquei em uma série nova na Netflix. Jantei na companhia da minha neném. Ao lembrar que eu a chamo de neném me deu raiva de Luan, por não me dizer qual nome ia dar a nossa menina. E eu não podia me acostumar a chamar ela pelo seu nome, ou fazer ela saber qual era o nome dela.
Escutei barulho do portão da garagem se abrindo e imaginei ser Luan. Levei meu prato para cozinha e voltei esperando por ele.
—Oi amor. - Falei quando ele olhou direto para a cozinha. Ele me parecia eufórico. —Preciso te contar uma coisa. Senta aqui. - Pedi. Ele veio com os passos forte e se sentou ao meu lado. Estava tenso, talvez confuso, não consegui distinguir.
—Tá tudo bem? - Selei seus lábios frios, lá fora estava fazendo um frio.
—Está sim. E vocês? - Ele acariciou minha barriga.
—Estamos bem. Acho que nossa menina está no lugar correto agora. - Sorri ansiosa.
—Sério? - Vi seu sorriso brotar em seus lábios.
—Sim. A enfermeira disse que quando os chutes vierem para cá. - Coloquei sua mão nas minhas costelas. —É porque ela tá de ponta cabeça, no lugar certinho.
—Que bom meu amor. - Ele me beijou. Um beijo urgente.
—Tá tudo bem mesmo? Vai tomar um banho quente, você está tremendo de frio.
—Amor, eu preciso te perguntar uma coisa.
—Pergunta. - Fiquei prestando atenção no que ele ia perguntar, ele estava diferente.
—Você me ama né?
—Oh! Era isso? É óbvio que eu te amo. Mesmo não me contando o nome da nossa filha! - Revirei os olhos. Ele sorriu de canto.
—Não era só isso… você tem falado com a sua mãe?
—Minha mãe? O que tem ela?
—É sua mãe. Faz tanto tempo que você não fala dela.
—Da última vez que eu a vi veio com uns papos estranhos, e eu decidi me afastar dela, não estava me fazendo bem.
—Que tipo de papo? - Ele me encarou.
—Não vem ao caso agora. - Suspirei. —Ela precisa de ajuda. Mas o que você ia falar dela? Não me diz que ela tentou se suicidar de novo?
—Hey, não. Não aconteceu nada. Não que eu saiba. - Ele me segurou antes que eu surtasse.—Mas você lembra que ela vivia te chamando de Victória, não é mesmo? - Ele disse cauteloso.
—Eu prefiro não lembrar desses fatos ruins na minha vida. - Suspirei angustiada.
—Eu também não queria lembrar disso e muito menos te fazer lembrar. Mas queria saber sobre isso. Será que sua mãe ficou louca mesmo ou ela via mesmo a sua irmã?
—Credo, Luan! Deus me livre. Minha irmã está morta.
—Olha. Não quero te assustar e nem te deixar nervosa. Tudo bem? Eu nem sei se é uma boa ideia contar isso para você mas não vejo escolhas, meu amor. - Suspirei ficando nervosa. Me afastei da minha mãe por esses motivos, ela estava enlouquecendo e antes que eu ficasse louca, me afastei dela.
—Minha mãe está louca, Luan. Quero muito que passe essa gravidez pra eu poder cuidar dela sem passar nervoso. Eu não quero mais falar sobre isso agora.
Luan
Ela se levantou com dificuldades e eu senti algo molhar meus pés, assustei-me.
—Pietra! A bolsa estourou? - Segurei-a mantendo ela imóvel.
—É, é estourou! - Ela sorriu agora com um misto de ansiedade e nervosismo.
—Calma amor. Vou ligar pra médica, dói muito?
—Não, não dói nadinha. Será que é normal? - Me olhou preocupada.
—Não sei. Senta um pouco aqui que eu vou ligar pra médica.
Peguei o celular e disquei o numero salvo da doutora da Pietra. Ela atendeu rápido, expliquei rápido que a bolsa tinha estourado e ela perguntou o grau da dor, Pietra disse tranquilamente que não estava sentindo dor nenhuma.
Como não tínhamos planejado tão rápido a chegada da nossa menina, a médica estava fazendo o parto de outra paciente e pediu que eu ajudasse a Pietra nesse momento.
Recebendo todas as orientações da médica de Pietra eu fui ajudando minha esposa.
—Ela disse pra você deitar amor. - Insisti. Pietra não queria subir. Queria continuar na sala por teimosia.
—Eu estou bem aqui.
—Nenhuma dor? - Questionei.
—Nenhuma.
—Pie, é melhor deitar. - Pedi mais uma vez. —Claudia pediu que eu começasse a cuidar de vocês.
—Mas eu estou bem. - Suspirou tentando me passar tranquilidade.
Eu acabei suspirando pesado, sai da sala e fui a cozinha, liguei para os meus pais e minha irmã, eles queriam participar desse momento.
—Mandei mensagem pra Cida, avisei que a qualquer momento Liz vem ao mundo.
—Liz? - Acabei percebendo que falei o nome da nossa filha, antes da hora, sorri de lado vendo seus olhos marejados.
—Sim, eu escolhi esse nome. Gostou? - Me sentei ao seu lado.
—Eu amei. - Beijei seus lábios. —Parece que alguém gostou também. - Ela fez uma careta ao pôr sua mão na barriga.
—Dor?
—Sim. Um pouco.
—Claudia disse que se tiver dor é para deitar.
—Tudo bem.
Estava muito preocupado de Liz nascer sem nenhuma equipe médica mas não queria passar esse pensamento a Pietra, ela ficaria nervosa.
Subi com Pietra no colo, ela reclamou que podia subir as escadas ainda, mas eu insisti dizendo que nossa filha podia acabar nascendo ali nos degraus.
Deitei ela, colocando o máximo de travesseiros em suas costas.
A campainha tocou e eu fui atender.