27/04/2018

Capitulo 152

Luan



Eu não sabia o que responder, Pietra é muito importante para a minha vida é alguém que fez dos meus dias melhores. É alguém que eu aprendi amar da forma mais linda, me ensinou a amar de verdade e mais que tudo me deu mais um motivo para aprender, uma filha, ela estava gerando um fruto do nosso amor, uma criança tão importante para as nossas vidas.
Mas eu amava cantar, amava o modo que eu levo minhas letras, minha forma de amar e amo como as pessoas se identificam, mostrando-me que eu era mais um no meio de tanta gente amando alguém infinitamente. Do mesmo jeito que eu amo minha mulher.
Mas eu sabia resposta, ela veio depois que eu fui embora, sem dar uma resposta ao Paulo que me disse para pensar. Bom, eu pensei. Andando pelas ruas de São Paulo, me peguei pensando nas causas que me fazem amar Pietra. Ela era daquele jeito lindo, um mulherão para mim e ao mesmo tempo menina meiga que me encantava todos os dias de nossas vidas.
E eu queria continuar encantado com aquela menina mulher.
Dirigi o mais rápido que eu pude voltando para casa, precisava contar a Pietra, ela precisava saber.


Pietra


Esses dias estavam cada vez mais intensos para mim, minha menina era que nem pipoca, se mexia o tempo todo mas hoje em especial estava quieta, não totalmente, eu sentia alguns movimentos seus, agora em diferentes lugares.
A enfermeira que vinha me ver todos os dias dizia que se os chutes mudassem para perto das costelas, era porque ela já havia mudado para a posição correta para o nascimento e que era só esperar vir as contrações.
E hoje mais que especial estava sentindo os movimentos eram em cima da barriga, eu sentia ela ainda mais. Sentia que meu corpo se preparava para o nascimento da minha filha, estava perto para ter ela em meus braços.
Comuniquei isso a minha médica, via whatsapp, ela ficou feliz pela notícia e disse que no dia seguinte a minha enfermeira passaria aqui para me examinar. Já que agora eu preciso de consultas todos os dias.
Como Luan estava no estúdio do Dudu, eu tive que jantar sozinha. Me sentei no sofá carregando meu copo e meu prato. Liguei a TV e coloquei em uma série nova na Netflix. Jantei na companhia da minha neném. Ao lembrar que eu a chamo de neném me deu raiva de Luan, por não me dizer qual nome ia dar a nossa menina. E eu não podia me acostumar a chamar ela pelo seu nome, ou fazer ela saber qual era o nome dela.
Escutei barulho do portão da garagem se abrindo e imaginei ser Luan. Levei meu prato para cozinha e voltei esperando por ele.
—Oi amor. - Falei quando ele olhou direto para a cozinha. Ele me parecia eufórico. —Preciso te contar uma coisa. Senta aqui. - Pedi. Ele veio com os passos forte e se sentou ao meu lado. Estava tenso, talvez confuso, não consegui distinguir.
—Tá tudo bem? - Selei seus lábios frios, lá fora estava fazendo um frio.
—Está sim. E vocês? - Ele acariciou minha barriga.
—Estamos bem. Acho que nossa menina está no lugar correto agora. - Sorri ansiosa.
—Sério? - Vi seu sorriso brotar em seus lábios.
—Sim. A enfermeira disse que quando os chutes vierem para cá. - Coloquei sua mão nas minhas costelas. —É porque ela tá de ponta cabeça, no lugar certinho.
—Que bom meu amor. - Ele me beijou. Um beijo urgente.
—Tá tudo bem mesmo? Vai tomar um banho quente, você está tremendo de frio.
—Amor, eu preciso te perguntar uma coisa.
—Pergunta. - Fiquei prestando atenção no que ele ia perguntar, ele estava diferente.
—Você me ama né?
—Oh! Era isso? É óbvio que eu te amo. Mesmo não me contando o nome da nossa filha! - Revirei os olhos. Ele sorriu de canto.
—Não era só isso… você tem falado com a sua mãe?
—Minha mãe? O que tem ela?
—É sua mãe. Faz tanto tempo que você não fala dela.
—Da última vez que eu a vi veio com uns papos estranhos, e eu decidi me afastar dela, não estava me fazendo bem.
—Que tipo de papo? - Ele me encarou.
—Não vem ao caso agora. - Suspirei. —Ela precisa de ajuda. Mas o que você ia falar dela? Não me diz que ela tentou se suicidar de novo?
—Hey, não. Não aconteceu nada. Não que eu saiba. - Ele me segurou antes que eu surtasse.—Mas você lembra que ela vivia te chamando de Victória, não é mesmo? - Ele disse cauteloso.
—Eu prefiro não lembrar desses fatos ruins na minha vida. - Suspirei angustiada.
—Eu também não queria lembrar disso e muito menos te fazer lembrar. Mas queria saber sobre isso. Será que sua mãe ficou louca mesmo ou ela via mesmo a sua irmã?
—Credo, Luan! Deus me livre. Minha irmã está morta.
—Olha. Não quero te assustar e nem te deixar nervosa. Tudo bem? Eu nem sei se é uma boa ideia contar isso para você mas não vejo escolhas, meu amor. - Suspirei ficando nervosa. Me afastei da minha mãe por esses motivos, ela estava enlouquecendo e antes que eu ficasse louca, me afastei dela.
—Minha mãe está louca, Luan. Quero muito que passe essa gravidez pra eu poder cuidar dela sem passar nervoso. Eu não quero mais falar sobre isso agora.

Luan


Ela se levantou com dificuldades e eu senti algo molhar meus pés, assustei-me.
—Pietra! A bolsa estourou? - Segurei-a mantendo ela imóvel.
—É, é estourou! - Ela sorriu agora com um misto de ansiedade e nervosismo.
—Calma amor. Vou ligar pra médica, dói muito?
—Não, não dói nadinha. Será que é normal? - Me olhou preocupada.
—Não sei. Senta um pouco aqui que eu vou ligar pra médica.
Peguei o celular e disquei o numero salvo da doutora da Pietra. Ela atendeu rápido, expliquei rápido que a bolsa tinha estourado e ela perguntou o grau da dor, Pietra disse tranquilamente que não estava sentindo dor nenhuma.
Como não tínhamos planejado tão rápido a chegada da nossa menina, a médica estava fazendo o parto de outra paciente e pediu que eu ajudasse a Pietra nesse momento.
Recebendo todas as orientações da médica de Pietra eu fui ajudando minha esposa.
—Ela disse pra você deitar amor. - Insisti. Pietra não queria subir. Queria continuar na sala por teimosia.
—Eu estou bem aqui.
—Nenhuma dor? - Questionei.
—Nenhuma.
—Pie, é melhor deitar. - Pedi mais uma vez. —Claudia pediu que eu começasse a cuidar de vocês.
—Mas eu estou bem. - Suspirou tentando me passar tranquilidade.
Eu acabei suspirando pesado, sai da sala e fui a cozinha, liguei para os meus pais e minha irmã, eles queriam participar desse momento.
—Mandei mensagem pra Cida, avisei que a qualquer momento Liz vem ao mundo.
—Liz? - Acabei percebendo que falei o nome da nossa filha, antes da hora, sorri de lado vendo seus olhos marejados.
—Sim, eu escolhi esse nome. Gostou? - Me sentei ao seu lado.
—Eu amei. - Beijei seus lábios. —Parece que alguém gostou também. - Ela fez uma careta ao pôr sua mão na barriga.
—Dor?
—Sim. Um pouco.
—Claudia disse que se tiver dor é para deitar.
—Tudo bem.
Estava muito preocupado de Liz nascer sem nenhuma equipe médica mas não queria passar esse pensamento a Pietra, ela ficaria nervosa.
Subi com Pietra no colo, ela reclamou que podia subir as escadas ainda, mas eu insisti dizendo que nossa filha podia acabar nascendo ali nos degraus.
Deitei ela, colocando o máximo de travesseiros em suas costas.
A campainha tocou e eu fui atender.

Capitulo 151


Luan


—...Mas só irei contar no dia do nascimento. - Toquei seu nariz vendo sua expressão mudar novamente, a deixando braba.
—Isso não se faz, Luan! Que saco! - Ela bufou me fazendo rir.
—Licença. - Ouvimos Cida falar na porta do quarto.
—Entra, Cida. - Falei me arrumando na cama.
—Vim avisar que o jantar está na geladeira e que eu já estou indo para casa. - Ela sorriu bem tímida.
—Já disse que pode dormir aqui né? Fica tarde para a senhora sair assim.
—Não é necessário. Meu filho me busca na porta do condomínio. E não é tão tarde assim. São apenas sete da noite.
—Vai ficar aqui quando Pietra tiver de repouso né?
—Vou sim. Vocês tem sido uma segunda família para mim.
—Que bom que a senhora pensa assim. Luan já a tratava como uma mãe e eu já estou sendo mimada pela senhora. - Pietra falou deixando Cida feliz.
—Uma mãezona. - Levantei-me e enchi Cida de beijos no rosto, ela ficou mais tímida ainda. —Amor, vou no Dudu e já levo a Cida ao portão do condomínio tá? - Avisei a Pietra que concordou.
Vesti uma outra roupa e desci com Cida. Encontrei com o filho dela que eu já o conhecia e peguei a avenida principal, mas não ia para o estúdio do Dudu. Eu tinha um outro lugar para ir.
Fiquei esperando por alguém abrir a porta, logo após ter tocado a campainha. Agora não teria mais volta, eu tinha que ser forte.
—Luan? - Meu sogro, Paulo estranhou minha visita sem aviso.
—Eu posso conversar com o senhor? 
—Claro, entre. - Ele me deu passagem e eu entrei. —Aconteceu alguma coisa com a minha filha? Com a minha neta? - Ele parecia confuso. —Elas estavam bem ainda agora, falei com Pietra.
—Elas estão bem sim, seu Paulo. Dani está em casa? - Olhei atento se ouvia algum barulho pela casa.
—Estou só. Dani foi visitar os pais no Rio.
—Certo. Eu queria mesmo falar com o senhor em particular. - Ele me indicou o sofá para nos sentarmos, minhas mãos estavam geladas e suadas, as sequei na calça, aproveitando para ajustar a mesma nos  meus joelhos. —Bem… Eu nem sei como falar isso. O senhor vai me achar louco. - Encerei-o deixando mais confuso.
—Como assim filho? Me explica isso.
—Tem algumas semanas que isso vem me perturbando, não sei como resolver. Pietra está nas últimas semanas de gestação e eu não queria passar nenhum nervoso a ela ou a nossa filha. - Respirei fundo encarando ainda sua expressão confusa. —Victória está viva e não é loucura minha. - Soltei de uma vez. Parece que tirei um peso das minhas costas.
Ele me olhou mais assustado ainda, piscando diversas vezes.
—Como? Eu enterrei seu corpo… impossível isso! - Ele se levantou bruscamente me deixando mais nervoso.
—Eu também achei impossível, mas ela estava na minha casa. Perto da Pietra enquanto dormia na sala. Eu a vi, discuti com ela. Ela ameaçou a mim se eu não largasse da Pietra. - Despejei mais uma vez.
—Luan, olha a brincadeira que você tá me fazendo passar. Eu não gosto desse tipo de brincadeira. Ela tinha seus erros mas ainda sim era minha filha. Eu a perdi. Pior dor de um pai é ver sua filha morta e você vem com esse tipo de brincadeira.
—Eu não estou de brincadeira, seu Paulo. - Me levantei, tão nervoso quanto ele. —Ela que está brincando com o meu casamento. Quer que eu me separe de Pietra. Vou perder o início da vida da minha filha. - Agora sim ele acreditava em mim. Minhas lágrimas lhe mostraram o meu medo.
—Mas como aconteceu isso?  
—Ela disse que obrigou aos médicos para que dessem o laudo dela como morta para o senhor. Forjou tudo isso até hoje. E agora quer que eu me separe para que Pietra sinta o que ela sentiu.
—Isso é inacreditável! - Ele passou as mãos pelo cabelo até o rosto. —É insano acreditar nessa história.
—Estou lhe contando mas não acredito no que eu falo, seu Paulo. Eu queria estar louco. - Suspirei. 
—Eu nem sei por onde começar a ter certeza nessa história. Victória está morta! 
—Desculpa a sinceridade, mas eu queria que ela estivesse morta mesmo.
—Você já se ouviu? Olha o que você vem falar para mim. Isso tudo é um absurdo!
—Se eu estivesse brincando não ia vir brincar com  uma coisa dessa! Eu vim aqui, procurei pelo senhor, na esperança do senhor me ajudar. Eu não estou louco, só quero ela longe de me trazer problemas.
—Não consigo acreditar nisso, eu vi o caixão da minha filha ser enterrado, Luan! Senti a dor de ver minha filha morta.
—O senhor viu o corpo dela? 
Ele ficou em silêncio por um momento, me encarando e pensando.
—Eu não a vi. Não deixei que abrissem o caixão. Não tinha muitas pessoas no velório e não teve necessidade. - Ele fungou.
—Então pronto. Victória não está naquele caixão. Ela está vivíssima me atormentando. - Falei exaltado.
—Atormentando? O que ela quer de fato? 
—Quer ver a Pietra distante de mim. Quer que eu ache um motivo para acabar com o casamento.
—Mas como? 
—Ela disse que se eu não fizer isso vai fingir que eu mantinha ela presa por esse tempo e eu vou sair como o doente nessa história e ela como a mocinha, e sabe lá como a mídia vai foder mais minha vida.
—Ela não pode fazer isso! Ela tem alguma prova? 
—Não sei. Simplesmente ela me joga essa bomba de aparecer viva e me manda separar da Pietra ou então me acusa de manter ela presa e morta por esse tempo.
—Já pensou na possibilidade de ir na delegacia?
—Já pensei. Mas também pensei na Pietra. Ela tá nas últimas semanas de gestação, saber assim que a irmã morta está na verdade viva é um choque.
—Tem razão. - Ele falou pensativo. —Ela disse que você tinha que falar logo? Ela deu algum prazo? 
—Disse que tinha que ser logo e antes da minha filha nascer.
—Você tem que se separar da Pietra então. Não vejo outra alternativa.
—Eu vou perder os primeiros momentos da minha filha, seu Paulo. - Me desesperei. —Sem contar que o que eu vou falar com ela? ‘Ah me cansei vou voltar pra casa dos meus pais e você se vira aí!’ ela não vai entender e vai piorar mais a situação.
—De qualquer jeito ela vai sofrer. - Ele constatou.
—Eu não sei o que fazer. Pensei em todas as alternativas mas não dá pra iniciar nada sem que ela sofra. Pietra não vai me perdoar e pior vai ferrar a minha carreira.
—O que é mais importante? Pietra ou sua carreira? 
Aquela pergunta me pegou totalmente de surpresa, ninguém nunca tinha me feito pensar quem era mais importante na minha vida.
Voltei a aparecer e pra ficar, querem mais um capitulo?